Café mais caro do Brasil passa pelo processo digestivo de ave


O café do jacu, considerado uma das iguarias mais raras e caras do Brasil, nasce de um processo inusitado: ele passa pelo trato digestivo do jacu, ave nativa da Mata Atlântica. O quilo do café exótico custa em média R$ 1.600. Apesar do valor elevado, o Brasil ocupa apenas a quarta posição no consumo mundial da bebida.

“Atualmente, os maiores consumidores do café são Japão, França, Inglaterra e Brasil”, afirma Henrique Sloper, produtor rural e dono da Fazenda Camocim, localizada nas montanhas do Espírito Santo (ES), próximo à capital Vitória.

Além de curioso, o local se tornou um importante ponto turístico da região serrana, atraindo visitantes interessados em conhecer de perto a produção e experimentar o ‘café do jacu’.

A ave se alimenta dos frutos mais maduros e elimina as sementes junto das fezes. Esse contato com o sistema digestivo provoca uma fermentação natural que transforma o sabor do café, tornando-o suave, aromático e livre de amargor.

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Um homem com uma grande peneira jogando o caféUm homem com uma grande peneira jogando o café
Produtor de café na Fazenda Camocim no Espírito Santo. Foto: Fabiana Bertinelli

Sabor único

“Ele consome não só café, todas as frutas e, tem três funções fundamentais para nós: é alarme de colheita – onde ele está comendo o café está maduro -, ele é selecionador da fruta – então, o café que o jacu consome é só café bom -, e é replantador de fruta na natureza”, diz Sloper.

Após o jacu ingerir o café, o fruto é digerido e o caroço – o grão cru – é expelido em um formato que lembra um pé-de-moleque natural, recolhido manualmente pelos produtores.

“O processo é totalmente manual, porque dentro do resíduo do pássaro você tem sementes de um monte de coisa. Então, não dá para pegar e processar como o café convencional. Tem que separar manualmente, onde o café vai para um lado e o resíduo para outro”, conta o produtor justificando o valor tão alto do quilo do café exótico.

Como a ave prefere frutos no ponto de maturação, o resultado é um lote naturalmente homogêneo e de altíssima qualidade.

“A parte interessante é que ele consome 70% da cafeína. Então, o café do jacu é um ‘low coffee’ — ou seja —, com baixa cafeína”, explica Sloper.

Tradição e sustentabilidade

A produção é limitada, já que depende do comportamento alimentar do jacu e da disponibilidade de frutos maduros. “Eu consigo produzir três toneladas por ano contra 230 toneladas de café normal.”

Além do valor gastronômico, o café da ave carrega um impacto positivo para a preservação ambiental. A criação de áreas de cultivo que convivem com a fauna local estimula práticas sustentáveis e protege a Mata Atlântica.

Além disso, a produção destaque-se por impulsionar o turismo rural e a conscientização sobre a importância da biodiversidade.

“Por que eu tenho o jacu aqui na Camocim? Porque aqui é uma área de regeneração. Então, aqui eu tenho uma agricultura regenerativa”, explica o produtor rural.

Mais do que um café, é um exemplo de como a interação entre fauna e agricultura pode criar oportunidades únicas de negócio e, ao mesmo tempo, preservar a natureza.

Porteira Aberta Empreender

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Às quintas-feiras, às 17h45, no Canal Rural. | Foto: Arte Divulgação



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