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Othon Bastos, 91, faz mural de memórias em monólogo que estreia em São Paulo


Othon Bastos, vencedor do Prêmio Shell de Teatro 2025, não sabia que Fernanda Montenegro estava na plateia do espetáculo “Não Me Entrego, Não!”, em junho do ano passado, no Rio, quando ouviu um comentário vindo do público. “É verdade”, ela disse ao ouvir o amigo afirmar que “São Bernardo”, de Leon Hirszman, é um dos filmes mais importantes da trajetória dele.

A voz inconfundível provocou um sorriso em Bastos, no palco. Depois, vieram as lágrimas. Os dois se encontraram no final da peça e a atriz de 95 anos o abraçou aos prantos, emocionada com o monólogo, um sucesso carioca agora em cartaz no Teatro Raul Cortez, do Sesc 14 Bis, em São Paulo.

“São quase cem anos de uma vida intensa, de sobrevivência artística”, ela celebrou, falando das experiências de ambos, em conversa registrada em um vídeo que viralizou.

A mesma Fernanda perguntou ao amigo se é possível ser feliz sem fazer o que se gosta. Para Bastos, a resposta é não. Prova disso é que ele, aos 91, estrelou temporada de dez meses no Rio e, depois de São Paulo, está com viagens marcadas para outros estados —incluindo a Bahia, onde nasceu e conheceu nomes como Caetano Veloso e Glauber Rocha, então jovens no início das carreiras artísticas.

“O que adoro fazer é estar em cena. No teatro, você está diretamente ligado ao público, a reação é imediata. Cada sessão é uma estreia, porque o público é diferente”, diz.

As histórias vividas nos palcos e no cinema são a base de “Não Me Entrego, Não!”, com texto e direção de Flávio Marinho. A TV fica de fora. “Gosto de fazer, mas não tenho paixão pela televisão”, explica o ator, que lista apenas três trabalhos preferidos na telinha, apesar das 80 produções de que já participou: Antônio Pereira, na novela “Os Imigrantes” (1981-1982, Band), Júlio Abílio de Lemos, em “Éramos Seis” (1994, SBT) e Silviano, em “Império” (2014-2015, Globo).

No teatro e no cinema, ele perdeu as contas —são mais de 60 peças e quase uma centena de filmes, interpretando diversos tipos em fases diferentes da história do Brasil. Um deles, o Corisco de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), um marco do cinema novo, fez Bastos temer a repetição. Ele passou quatro anos sem filmar por não aceitar papéis de cangaceiros ou bandidos.

“Nunca mais eu fiz um cangaceiro na minha vida”, ressalta.

No entanto, a força do filme é tamanha que ressoa até hoje. É de Corisco a frase “não me entrego, não” que dá nome ao espetáculo atual.

A convivência com Glauber Rocha, “um vulcão prestes a explodir”, é uma das histórias saborosas contadas no monólogo. O cineasta baiano abordou Bastos e, impetuoso, disse que precisava dele para as filmagens, após a desistência de Adriano Lisboa.

Integrante da Sociedade Teatro dos Novos, em Salvador, o ator estava envolvido com a criação do Teatro Vila Velha, onde ensaiava a peça “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, e não poderia atender o amigo cineasta.

“Ele chegou ao cúmulo de dizer que compraria o meu passe. Eu virei jogador de futebol. É como se estivesse me alugando por um determinado tempo”, diverte-se ao recordar a fúria criativa glauberiana.

Passe “negociado”, o ator entrou de corpo e alma no que define como uma “grande experiência filmada”. Sugeriu a narração brechtiana usada por seu personagem, uma revolução na atuação para o cinema.

“Ele, um menino de 24 anos, com um roteiro maravilhoso na mão, aceitou a sugestão de um cara que havia recém-chegado, que nem era do filme, nem havia participado das reuniões”.

“Não Me Entrego, Não!” é o primeiro solo na carreira de sete décadas do ator. No início da montagem, ele levou a Marinho uma sacola com 600 páginas de anotações escritas ao longo da vida. E fez um pedido: deixar de fora as histórias amargas.

Queria um espetáculo alegre. No palco, ri de si mesmo o tempo todo. Inclusive dos esquecimentos. Durante os ensaios, percebeu que o volume de texto era muito grande e sugeriu ao diretor a ajuda da Alexa, a assistente virtual da Amazon.

A ideia foi amadurecida, descartada e Bastos ganhou então uma companheira de cena de carne e osso, a artista Juliana Medella. Ela interage com o protagonista e funciona como uma memória de fatos, nomes e datas que nem sempre estão na ponta da língua do veterano. “Um encontro lindo”, afirma Medella.

O sucesso do espetáculo é uma surpresa para Bastos, artista avesso às biografias e aos documentários sobre si mesmo. Além dos aplausos, o alcance público foi percebido em uma conversa casual na entrada do Shopping da Gávea, na zona sul do Rio. Uma mulher o abordou e disse: “Cada um tem que procurar o bem que esse espetáculo faz a si próprio”.

“Para mim foi a coisa mais linda. Então ela seguiu o caminho dela e eu o meu”, diz.

Nascido em Tucano, no sertão baiano, aos 6 anos de idade ele pediu para morar com uma tia em uma pensão no Catete, bairro carioca que fervilhava na década de 1940. Começou a fazer teatro na escola e chegou a ouvir de uma professora que não seria bem-sucedido, após optar por uma interpretação naturalista em um desafio na sala de aula.

Foi uma profecia às avessas, como mostra a lista gigante de trabalhos realizados a partir de 1950.

“O acaso é importantíssimo na minha vida. O acaso me ajudou muito. As coisas foram acontecendo”, resume.

Também foi em sala de aula que atendeu a um apelo do economista e boêmio Ronald Russel Wallace de Chevalier, o Roniquito, e substituiu Walter Clark, futuro poderoso da TV Globo, em uma encenação. Os três eram colegas de classe.

Em uma das casualidades da vida, Bastos encontrou o diretor Fernando Peixoto, ligado ao Teatro Oficina, em um elevador e foi convidado para o elenco de “Pequenos Burgueses”. No teatro de José Celso Martinez Correa e Renato Borghi encenou também “Galileu Galilei”, “Na Selva das Cidades” e “O Rei da Vela”.

Na semana da estreia na capital paulista, Bastos gravou um depoimento na sede do Oficina, no Bixiga, e se emocionou com o retorno a um espaço que conheceu nos primórdios. Ele afirma que Zé Celso era genial, mas, sim, ficou constrangido ao ouvir do diretor que teria de ficar nu em uma das encenações. Resolveu a questão pedindo um tapa-sexo.

Em São Paulo, ele viveu anos de glória ao liderar uma companha que montou, entre outros espetáculos, “Um Grito Parado no Ar”, texto de Guarnieri vinculado ao teatro de resistência, com encenação de Peixoto. Bastos tinha a seu lado, no grupo, a atriz Martha Overbeck, 76, com que é casado há 59 anos e tem um filho e um neto.

Além dos filmes de Glauber Rocha, com quem fez também “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, e de “São Bernardo”, onde interpretou densamente o latifundiário Paulo Honório, o ator cita como fundamental em seu caminho o trabalho em “O Paciente”, que retrata Tancredo Neves enfrentando os problemas de saúde que impediram a posse na Presidência da República.

Em “Central do Brasil” e “Bicho de Sete Cabeças”, o ator afirma que foi “coadjuvante de luxo” de Fernanda Montenegro e Rodrigo Santoro, respectivamente.

Não parece ser uma afirmação magoada e sim realista. Bastos é um artista que questiona as ilusões da fama e aposta na dedicação ao ofício escolhido.

“Na minha carreira, eu fui um selecionador. Selecionei o que quis. Não me deixei encantar pelo sucesso. Nietzsche diz que o sucesso é o maior mentiroso que existe”.

Em uma apresentação recente para estudantes de teatro, ele encontrou uma plateia entusiasmada e curiosa sobre as estratégias de sobrevivência na vida artística.

A resposta é a persistência no palco, onde pretende comemorar o aniversário de 92 anos, em maio, em terras baianas.

O ator prega a alegria de viver e adota o bom humor para não se entregar às expressões carrancudas que, vez ou outra, cruzam o seu caminho.



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‘Ruptura’ ganha terceira temporada após ser mais vista da história da AppleTV


A série “Ruptura“, da Apple TV+, foi renovada para uma nova temporada. A notícia foi compartilhada um dia após o episódio final da segunda temporada, pelo X, ex-Twitter.

A série, criada por Dan Erickson e produzida por Ben Stiller, teve o maior público da história do streaming, afirmou a Apple TV+. O thriller de ficção científica acompanha Mark Scout, papel de Adam Scott, homem que realiza um procedimento experimental que separa sua vida pessoal e de trabalho.

O elenco também é composto por Britt Lower, Zach Cherry e John Turturro, colegas de trabalho de Mark que buscam, junto dele, saber a verdade por trás da empresa de biotecnologia Lumon.

À Variety, o criador disse já ter planos para a continuação da série. A primeira e segunda temporadas estão disponíveis no catálogo do streaming AppleTV+.



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Teatro chinês, raro no Brasil, vem ao país com espetáculo comparável a Shakespeare


Rio de Janeiro e Salvador verão, no final deste mês, um acontecimento raro em palco brasileiro: teatro chinês, de fato. O Grupo de Artes Cênicas de Jiangsu, de Nanquim, vai apresentar episódios de duas óperas, como são chamadas as peças do teatro musical tradicional e popular da China.

Uma delas é do autor visto, dentro e fora do país, como o Shakespeare chinês. Tang Xianzu (1550-1616), com obras como “O Pavilhão das Peônias”, foi um marco para a cultura na China, como seu contemporâneo na Inglaterra.

“Sua filosofia da emoção suprema quebrou a rigidez confucionista”, diz Zhou Dongliang, que comanda a companhia. “Ele colocou a libertação do espírito humano no drama, construindo uma visão de mundo centrada na emoção, que se tornou marca registrada do despertar intelectual da era Ming e moldou profundamente a estética teatral oriental.”

Tang e Shakespeare, que morreram no mesmo ano, viveram numa “era de fervor humanista tanto no Oriente quanto no Ocidente”.

No Brasil, será mostrada uma das cenas célebres de “O Pavilhão das Peônias”, sobre o sonho de amor da filha de um homem poderoso por um acadêmico pobre. Se montada na íntegra, o que só é feito de vez em quando, a obra duraria mais de 20 horas.

Du Liniang, a jovem que se apaixona, será representada por Gong Yinlei. Zhou, ele próprio ator premiado, mas que não estará no palco, diz que a atriz é reconhecida por seu refinamento nas óperas do gênero Kunqu. “Por meio do controle meticuloso de tom, respiração e ritmo, combinado com movimentos expressivos dos olhos e gestos fluidos, ela revela as camadas emocionais de Du Liniang.”

“A cena mostra seu mundo interior”, afirma. “A fusão de música e dança evoca caminhos, por meio de passos circulares, gestos em forma de nuvem. Cria paisagens num cenário esparso.”

A outra apresentação, “Ponte Quebrada”, parte da ópera “Lenda da Serpente Branca”, é de uma história anterior e ainda mais conhecida, não só como teatro.

A exemplo de “Pavilhão”, é também sobre “o triunfo do amor diante dos constrangimentos da sociedade, um amor que transcende identidade e preconceito”, diz Zhou. Neste ano da cobra na China, a protagonista é uma serpente branca que ganha forma humana.

Questionado sobre como os espectadores no Rio e em Salvador podem apreciar teatro tão diferente, Zhou sugere começar visualmente, com “os trajes ornamentados e os movimentos simbólicos, como as mangas d’água que transmitem emoção”.

Depois, “sintonize-se com as cadências melódicas e mergulhe na estética da harmonia entre realidade e ilusão”. Os espaços vazios da ópera chinesa, complementa, “contêm um significado ilimitado, etéreo”, próprio da arte oriental.

Wang Ling, dramaturgo e diretor da Associação de Teatro da China, está organizando a delegação de nove artistas chineses ao Brasil. Ele diz que as apresentações “fortalecem o intercâmbio cultural e são um bom começo para ter mais contato com a comunidade teatral brasileira e ver projetos, trazer artistas para a China e vice-versa”.

Jeff Fagundes, diretor e ator que preside o Centro Brasil do International Theatre Institute (ITI), entidade ligada à Unesco, está organizando a mostra no Rio, entre 27 e 30 de março. É em comemoração ao Dia Mundial do Teatro, na próxima quinta-feira (27).

Haverá também espetáculos da Tailândia, Coreia do Sul, Chile e outros, inclusive brasileiros de Rio, São Paulo e Minas Gerais, além de homenagens ao diretor brasileiro Augusto Boal e outros.

Em Salvador, está prevista uma apresentação no dia 31, além de workshops e encontros organizados pelo grupo Teca Teatro.

“A gente acredita que essa colaboração entre os continentes é fundamental”, diz Fagundes. “Fazer curadoria de peças da Ásia é muito mais complexo do que da Europa. E é muito mais caro trazer artistas da China do que da França.”

Festivais brasileiros estabelecidos como a MITsp nunca apresentaram peças chinesas, e Fagundes diz que também está tentando aproximá-los.



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Romance colaborativo 'Catorze Dias' só vale por empreitada – 21/03/2025 – Ilustrada


“Catorze Dias” é, mais que um livro, um projeto. Como informa o subtítulo, trata-se de um romance colaborativo, organizado pela celebrada autora canadense Margaret Atwood ao lado do jornalista americano Douglas Preston e escrito a mais de 70 mãos.

A iniciativa nasceu do objetivo de arrecadar fundos para a Authors Guild of America, instituição destinada a apoiar escritores na pandemia de Covid-19, quando tantos profissionais autônomos se viram sem as atividades que lhes garantiam a sobrevivência.

A empreitada merece ser celebrada, pois a um só tempo chama atenção para a precarização da profissão —mesmo no mercado de língua inglesa, mais amplo que o de língua portuguesa— e propõe uma maneira de enfrentá-la com suas próprias armas.

Além disso, é de fato uma “façanha impressionante”, como propagandeia a frase do jornal The Guardian estampada na quarta capa, já que, apesar de escrito por 36 autores, o texto apresenta uma costura que quase sempre resulta, em sua polifonia, natural para o leitor.

A narrativa é conduzida em primeira pessoa por uma jovem mulher que acaba de aceitar o trabalho como zeladora em um prédio decadente de Nova York. O tempo é de lockdown: na cidade restam apenas aqueles que não conseguiram fugir para o interior e que vivem, entre março e abril de 2020, sob restrições de circulação.

Tendo aprendido o ofício com o pai —um imigrante romeno que agora, acometido pelo Alzheimer, encontra-se internado em um lar para idosos—, a narradora mal consegue desempenhar seu serviço, já que os donos do condomínio estão sumidos.

Seu tempo, porém, será todo ocupado pelos moradores do prédio. Além de realizar pequenos reparos nos apartamentos ao longo dia, ela participa daquilo que vai se estabelecendo como ritual entre os habitantes do local. No fim de tarde, todos sobem para o terraço, participam dos aplausos dirigidos diariamente pelos moradores da cidade aos profissionais de saúde atuando no combate ao vírus e, em seguida, conversam.

Conhecemos todos esses diálogos graças às anotações que a zeladora faz em um caderno deixado por seu antecessor na função. A cada um desses dias corresponde um capítulo, e a cada dia alguns personagens tomam a palavra.

Por conta dessa estrutura, o livro vem sendo divulgado como herdeiro do “Decamerão”, o clássico de Giovanni Boccaccio que reúne novelas contadas por jovens fechados em um castelo durante a peste negra.

A comparação é mencionada pelos próprios personagens, e uma deles o chama de “um dos clássicos do cânone dos Homens Brancos Mortos”. A obra florentina foi escrita no século 14, vale lembrar, sendo anterior ao surgimento do romance moderno —anterior, portanto, às narrativas dedicadas a destinos individuais, para resumir grosseiramente.

Em “Catorze Dias”, são justamente os indivíduos solitários que vêm à tona. Dos encontros no telhado, surge entre esses estranhos a vontade de acolher e respeitar o outro, mesmo com as animosidades surgidas da aproximação. Um deles chega a afirmar que essas reuniões são como “uma afirmação de nossa humanidade diante do horror e da banalidade de um vírus”.

A narrativa é ligeira e, apesar de suas quase 400 páginas, lida rapidamente. É possível notar o domínio da técnica pelos autores —entre eles, John Grisham, Dave Eggers e Celeste Ng—, que procuram cuidar das situações capazes de, por falta de verossimilhança, despertar desconfiança dos leitores.

Isso vale tanto para um aspecto maior da trama (como a existência da “bíblia” deixada pelo antigo zelador) como para os detalhes —mas é deixado de lado no desfecho tão imotivado quanto surpreendente, do qual convém não dar spoiler.

A consciência de se estar fazendo o bem acaba por ganhar protagonismo na trama, pasteurizando toda a gama de sentimentos que poderiam surgir das situações retratadas —e das quais a boa literatura, livre de moralismos, sempre soube tirar proveito, a exemplo do “Decamerão”.

O romance parece mais próximo da linguagem das séries de streaming: se cada capítulo fosse um episódio, a moldura lhe serviria de abertura e fechamento, e a inserção meramente individual dos personagens permitiria prolongar a trama pelas temporadas que fossem desejadas. O retrato da humanidade edificante proporcionaria ao espectador a escolha de um passatempo seguro, como costumam ser as produções no gênero.

São misteriosos os caminhos que tornam a literatura uma afirmação contra o horror e a banalidade. Neste caso fiquemos, então, com o elogio do projeto.



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Lei Aldir Blanc sofre corte de 84% em orçamento e preocupa setor cultural


Com a aprovação do projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2025, nesta quinta-feira (20), no plenário do Congresso Nacional, a Política Nacional Aldir Blanc, de apoio ao setor cultural, sofreu um corte orçamentário de 84%.

Inicialmente, eram previstos R$ 3 bilhões para a execução do mecanismo de fomento cultural. No novo texto do PLOA aprovado ontem, o valor caiu para R$ 478 milhões.

Veja o documento completo aqui.

De acordo com o corpo técnico do Congresso ouvido pela reportagem, que analisou o PLOA, houve uma percepção de que os recursos da PNAB estavam sendo subexecutados pelos entes federados, o que teria incentivado a decisão do corte de 84%.

A proposta que traz a previsão de receitas e despesas do governo federal para este ano foi aprovada em votação simbólica, quando não há contabilização de votos no painel.

O Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura manifestou “profundo estarrecimento” diante do corte de 85% no orçamento previsto para a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) durante a votação da Lei Orçamentária Anual de 2025 pelo Congresso Nacional.

“A PNAB representa uma conquista histórica da cultura brasileira, consolidando uma política pública permanente de fomento, construída com ampla pactuação federativa. A medida provisória 1.274 publicada pelo governo federal em 22 de Novembro de 2024 e que alterou seu texto original ao retirar o compromisso legal de repasses anuais fixos, já havia fragilizado seu alcance e previsibilidade. O corte agora imposto pelo congresso nacional evidencia a vulnerabilidade do processo orçamentário e compromete gravemente a execução da política nos estados e municípios, enfraquecendo o papel estruturante da cultura no desenvolvimento do país.”

O texto prevê um superávit de R$ 15 bilhões, valor superior aos R$ 3,7 bilhões previstos pelo governo no texto original. Essa sobra, segundo o relator do projeto na Comissão Mista de Orçamento (CMO), senador Ângelo Coronel (PSD-BA), veio do ajuste da inflação aplicado ao teto de gastos.

O Orçamento de 2025 deveria ter sido votado até o fim do ano passado, mas teve a discussão prejudicada pela crise das emendas e pelo pacote de corte de gastos. A votação nesta quinta foi acelerada. Os líderes com assento na comissão aprovaram uma sessão sem intervalos, recusaram todos os destaques e votaram o texto final por acordo, com poucas intervenções.



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Queria criar algo inserido em um mundo próprio, afirma criador de ‘A Roda do Tempo’


Seja pelas tramas palacianas de “Game of Thrones“, pelas planícies arenosas de “Duna: A Profecia“, ou pela busca incessante pelos “Anéis do Poder“, na antiga Terra Média, não faltam séries de fantasia na televisão. Mesmo assim, “A Roda do Tempo” se tornou a produção mais vista na Prime Video de 2021 e retorna para a sua terceira temporada em 2025.

“Uma das coisas mais especiais sobre ‘A Roda do Tempo’ é que ela não está perseguindo nada. Quando eu comecei a adaptar os livros, muitos diziam que eu deveria transformá-los em série porque buscavam um novo ‘Game of Thrones’. Mas eu queria produzir algo que estivesse no seu próprio mundo”, diz Rafe Judkins, criador do seriado, durante sua vinda à CCXP 2024, em São Paulo.

Entre feiticeiros, monstros e outros seres místicos, a produção segue a onda de transformar a luta entre o bem e o mal em uma relação mais complexa, além do que os olhos enxergam. Cavalheiros em armaduras brancas, magos sábios e barbudos e fadas misericordiosas não estão mais aqui. Mas nem por isso os personagens deixam de lutar pelo que acreditam e batalhar por seus princípios.

Segundo Judkins, o centro da produção está em sua humanidade. “Sempre que tivermos que escolher entre a ação e os personagens, escolhemos os personagens. Para acompanhar a nossa história, você precisa estar com eles”, diz o showrunner. Segundo ele, a escala dos acontecimentos não é uma preocupação.

Baseada na saga literária do autor Robert Jordan, considerada a principal obra de literatura fantástica desde J.R.R Tolkien e o seu “O Senhor dos Anéis”, a adaptação custou cerca U$ 90 milhões de dólares em sua primeira temporada. O orçamento se aproxima dos U$ 15 milhões gastos por episódio na última temporada do drama medieval da HBO, que foi ao ar em 2019.

Ainda assim, ele garante que a escala dos acontecimentos, cobrança natural para um projeto desse tamanho, não é uma preocupação.

“Nós temos atores incríveis, então sempre podemos priorizar cenas que se resumem a duas pessoas conversando em uma sala. Certos shows de fantasia ou ficção científica não permitem isso, mas a força desses livros e suas histórias nos autoriza a seguir por esse caminho.”

Dividida em 14 livros, a trama de “A Roda do Tempo” acompanha as aventuras das Aes Sedai, clã de feiticeiras que acredita na reencarnação de um antigo ser responsável pela destruição do mundo, o Dragão Renascido. Responsável por combater uma força maligna, uma rebelde do grupo, vivida por Rosamund Pike, lidera cinco jovens em uma jornada para salvar o mundo, convicta de que um dos viajantes é a figura profética.

“Eu penso que a paixão das pessoas pelos livros vem das emoções humanas que estão no coração dessa história. Elas carregam uma série de nuances e isso permanece sendo um foco da série”, diz Madeleine Madden, que vive um dos cinco prodígios, Egwene.

Ela e o ator Joshua Stradowski, que vive Rand al’Thor, o tal Dragão Renascido, também estiveram no Brasil para o evento. O artista falou da emoção de trabalhar com a mesma equipe por bastante tempo. “Nós estamos trabalhando juntos pelos últimos cinco anos. É um projeto feito em conjunto e tenho plena confiança no caminho que estamos seguindo.”



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Vale Tudo: Globo terá músicas da versão original no remake – 20/03/2025 – Outro Canal


Aracaju

O remake de “Vale Tudo“, que estreia no fim do mês no horário das nove da Globo, vai usar várias músicas da trilha sonora da sua versão original, produzida em 1988.

O objetivo é causar nostalgia do público e ganhar repercussão com as canções, que ficaram conhecidas por terem tocado na produção assinada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres na ocasião.

Além de fazer uma homenagem ao clássico da teledramaturgia com uma versão atualizada de “Brasil”, interpretada por Gal Costa, na abertura, a trilha sonora também conta com outros presentes para os fãs da novela.

A principal delas é a presença das músicas “Isto Aqui O Que É” e “Faz Parte do Meu Show”. No remake, a canção de Ary Barroso interpretada por Caetano Veloso volta como tema de Raquel (Taís Araujo) em sua jornada no Rio de Janeiro.

Já o sucesso de Cazuza (1958-1990) retorna como a canção do romance de Solange (Alice Wegmann) e Afonso (Humberto Carrão).

Entre os nomes confirmados no elenco de “Vale Tudo” estão Alexandre Nero (Marco Aurélio), Renato Góes (Ivan), Julio Andrade (Rubinho) e Malu Galli (Tia Celina). Belize Pombal (Consuelo), Karine Teles (Aldeíde) e Luis Salem (Eugênio), Pedro Waddington (Thiago Roitman), Ramille (Fernanda) e Luís Melo também estão na novela.

“Vale Tudo” é escrita por Manuela Dias e tem direção artística de Paulo Silvestrini. A novela tem estreia marcada para 31 de março.

Cobre diariamente os bastidores das novelas, do telejornalismo e da mídia esportiva. Tem como titular o jornalista Gabriel Vaquer



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‘Amizade’ prova que o cinema pode ser generoso ao revisitar memórias


Na tela preta uma citação de Aristóteles. Corta para um “e aê, vâmo? Bora.” Essa justaposição, logo na sequência de abertura, do pensador grego com a filosofia mineira de buteco —no mineirês é com “u” mesmo— sintetiza o novo filme de Cao Guimarães. “Amizade” é um documentário que nasce com a pandemia e chega nos cinemas depois da sobrevivência à Covid-19 e à longa espera pelo Oscar de melhor filme internacional.

Feito durante 30 anos, “Amizade” parte de três matérias-primas cada vez mais raras no mundo contemporâneo: momentos reais, registros espontâneos e memórias acumuladas. Cao Guimarães tem a sensibilidade peculiar de um artista conectado aos nossos anseios. Ele sabe sobre pós-verdade, sobre registros cada vez mais ficcionais nas redes sociais e sobre nosso problema crônico, a falta de memória.

Aquilo que os teóricos chamam de filme processo, para o diretor é uma oportunidade para promover reencontros. Seja nos filmes Super8 e 16mm ou nas telas de computador. Seja nas fitas cassete ou nas gravações de secretária eletrônica. Seja pelo olho virtual ou pelo real.

Os amigos de Cao Guimarães o acompanham durante o distanciamento social no Uruguai. Já que eles não puderam ir pessoalmente, vão por meio de imagens e sons. Sons, inclusive, sempre construídos de maneira inventiva pela dupla d’O Grivo. Mineiros, assim como Cao, responsáveis pela trilha sonora, musical ou não, de praticamente todos os filmes dele.

Para além de apenas mais um filme pandêmico feito a partir de material de acervo, “Amizade” é também uma grande homenagem ao cinema, como reflete o diretor. “A amizade sempre foi o exercício por excelência da alteridade e, além disso, também é, como o cinema, uma escultura no tempo”, diz ele, em determinado momento do longa.

Alteridade, natureza ou condição do que é outro, do que é distinto, é o que nos falta hoje em dia. Em especial no cinema documentário refutado por Cao, viciado na primeira pessoa, na voz de um narrador como muleta, no entendimento do ser humano como alguém binário, entre o bem e o mal.

A amizade, pela ótica de Cao Guimarães, é recheada de complexidade. Feita de encontros, claro, mas também de desencontros, de distância, de silêncios. E como construir um filme sem estar preso eternamente nele?

Ao revisitar as próprias memórias, o cineasta tenta olhar para frente. Entender o presente a partir daquilo que conecta as pessoas e a partir das próprias sobras de filmes e rastros do processo criativo. São restos de matéria-prima, costurados numa colcha de retalhos, para construir uma nova obra de arte. Uma obra que dialoga com a própria vida do artista.

Lá pelas tantas, o diretor recorre a outro filósofo grego, Epicuro, para dizer que a verdadeira amizade apenas compartilha um trajeto, sem gerar dependência e cobrança. É o paradoxo da obra de Cao Guimarães! Pois a cada novo filme dele nos tornamos mais dependentes desse tipo de cinema, preocupado em ser generoso com o outro. Aquele defronte à câmera! Vamos aproveitar então, e ver “Amizade” na tela grande do cinema, com gente desconhecida ao lado. Afinal, como nos alerta o filme, a realidade lá fora começa a ficar desfocada.



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Tiago Medeiros apresentará nova atração pré-jogo da Globo – 20/03/2025 – Outro Canal


Aracaju

Em alta na Globo nos últimos anos, Tiago Medeiros ganhará uma grande chance na emissora. A área de esportes da empresa o escolheu para ser o titular do Bora pro Jogo, nova atração pré-jogo das transmissões do Campeonato Brasileiro.

É a primeira vez que Tiago será titular de um projeto da Globo em rede nacional. Desde 2021, ele está em ascensão na empresa, após ser escalado para cobrir os Jogos Olímpicos de Tóquio naquele ano. Desde então, ele substitui os apresentadores do Esporte Espetacular e do Segue o Jogo sempre que necessário.

O Bora Pro Jogo terá 30 minutos de duração e vai ao ar antes dos jogos de domingo do Brasileirão e da Copa do Brasil exibidos pela Globo semanalmente, a partir das 16h. A Globo fará até três jogos para regiões diferentes do Brasil.

Na primeira parte, Tiago estará no principal jogo da rodada na beira do gramado da partida. O apresentador vai destacar a movimentação no estádio e arredores, além de interagir com as equipes que estiverem pelo país dedicadas à transmissão dos outros confrontos do horário.

Já na segunda metade, os narradores que vão comandar as partidas transmitidas assumem a atração com a repercussão dos últimos acontecimentos antes do apito inicial.

Além do Bora pro Jogo, a emissora vai manter, ao menos por mais um ano, o Segue o Jogo, pós-partida exibido nas noites de quarta, comandado por Lucas Gutierrez e Paulo Nunes. Em paralelo, Tiago continuará como apresentador titular do Globo Esporte Pernambuco, além de participar de outras atrações assim que for convocado.

Entre 2025 e 2029, a Globo terá direito a nove jogos por rodada do Campeonato Brasileiro. A empresa tem contrato com a Libra e a Liga Forte União. Ao todo, serão mostrados 342 dos 380 jogos por ano.

O único jogo que a Globo não exibirá em suas plataformas será uma partida exclusiva da Amazon, negociada pela Liga Forte União. É praticamente o esquema em vigor no Brasileirão desde 2019, já que o Athletico-PR não tinha contrato de pay-per-view com a emissora.

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Museu do Ipiranga terá sessões grátis de cinema – 20/03/2025 – Cinema


O Museu do Ipiranga terá sessões grátis de filmes e documentários brasileiros uma vez por semestre. A estreia do projeto, chamado Cinema no Museu, acontece no dia 5 de abril, um sábado, às 15h, com exibição do longa “Tava, a Casa de Pedra”.

A iniciativa busca promover o audiovisual nacional por meio de obras que refletem sobre a história do Brasil, tema que dialoga com a programação da instituição. Todas as sessões serão seguidas de debates com convidados que participaram da produção dos filmes.

O documentário de estreia mostra a relação de indígenas com as ruínas das Missões Jesuíticas Guaranis, no Sul do Brasil e na Argentina, que são testemunhos da ocupação do território por missionários jesuítas europeus.

Os diretores do filme, Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Ariel Ortega Kuaray Poty, participam do debate após a sessão. A conversa será mediada pelo historiador David Ribeiro.

A exibição do longa acontecerá no auditório do Museu do Ipiranga, que tem capacidade para 200 espectadores. Para garantir lugar, é preciso fazer inscrição no site do museu até 31 de março.

A segunda sessão do Cinema no Museu está prevista para novembro e exibirá o filme “Todos os Mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra.

Cinema no Museu – Sessão “Tava, a Casa de Pedra”

Brasil, 2012. Dir.: Ariel Kuaray Ortega, Ernesto de Carvalho, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Vincent Carelli. Livre. Museu do Ipiranga – r. dos Patriotas, 100, piso Jardim, Ipiranga, região sul. Sáb. (5), às 15h. Grátis, com inscrição antecipada pelo site museudoipiranga.org.br/evento



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