Como Coquetel Molotov, em Recife, se consolida como vitrine da música no Brasil


Desde sua idealização, 20 anos atrás, o festival No Ar Coquetel Molotov tem a pretensão de apontar tendências, mostrar novos artistas ao público e servir como um fomento ao cenário musical local. Na sua última edição, que aconteceu neste sábado (7), o evento reafirmou seu lugar no cenário musical do país. Fez um line-up imprevisível, borrou os limites entre tradição e vanguarda, além de brindar o público com headliners que fizeram shows em horários impensáveis em outros festivais.

O line-up refletiu o espírito do evento e, como num experimento sonoro, reuniu nomes como Pabllo Vittar, Céu e Tati Quebra Barraco, que dividiram o protagonismo com artistas emergentes e revelações da cena recifense. Em uma programação com mais de 70% de mulheres, a feminilidade esteve presente nos ritmos mais variados. Do trap carioca de Ebony, passando pelo funk raiz de Tati Quebra Barraco, até o experimentalismo de Jessica Caitano com o Samba de Coco Raízes de Arcoverde.

Recife, que é um dos epicentros mais pulsantes da música brasileira, terra de Chico Science, Lenine, Naná Vasconcelos e Duda Beat, não poderia ser um cenário mais promissor para isso. Com uma curadoria que mesclou tradição e vanguarda, o festival celebrou 12 horas de programação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Logo na abertura, Caitano e o grupo de Arcoverde levaram ao palco principal um redemoinho sonoro. Seu coco de roda, que levantou poeira, definiu o tom do evento, que seria uma celebração das raízes locais, que ecoaram em cada show a partir daí.

Pontualmente, às 18h20, subia também ao palco Coquetel Molotov a cantora paulista Céu, que apresentou as músicas de seu último álbum “Novela”, mesclando com alguns sucessos de discos mais antigos, “Céu”, “Tropix” e “Apká”. Como em seu novo trabalho, seu show voltou-se para o analógico, sem aparatos tecnológicos, apenas voz, banda e uma plateia engajada.

A partir daí, o público ficou bem dividido entre os três espaços do festival. Enquanto Ajuliacosta fazia mulheres entoarem suas letras como hinos de empoderamento e contra relacionamentos abusivos, na concha acústica do festival, o palco Natura, Amaro Freitas entregou um dos shows mais sofisticados da noite.

O pianista pernambucano, acompanhado de Sidiel Vieira e Rodrigo “Digão” Braz, conduziu o público a uma experiência quase mística, onde o jazz encontrou a espiritualidade. Indicado ao Grammy Latino, Freitas foi escolhido como o instrumentista do ano pelo Prêmio Multishow.

Já o paulista Mu540 saiu do palco aclamado e criou uma confusão no festival porque interditou a passagem para os outros palcos. O artista possui mais de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify e é dono de hits como “Preto e Dinheiro” e “Mandrake”.

Outras apresentações dignas de notas são a da paraense Zaynara, vencedora do prêmio Multishow Revelação, que, após entoar alguns de seus sucessos, fez um cover vibrante de Joelma; e a de Luísa e os Alquimistas, que se despediram dos palcos com o show no Coquetel Molotov.

Já pela madrugada, por volta das 2h30, uma das atrações mais esperadas da noite subia ao palco. Pabllo Vittar, que parou Recife na sexta-feira (6) quando gravava o clipe de “Vira-lata” com João Gomes, trouxe um show marcado pelo apelo pop irresistível. A artista cantou hits de seu último álbum “Batidão Tropical Vol. 2”, entre danças sincronizadas e explosões de forró e brega funk.

Se o No Ar Coquetel Molotov consolida seu papel como termômetro da música no Brasil, ele ainda peca na experiência de evento. Sem muitos atrativos para além dos palcos, o festival se garantiu só na música.

Algo que também chamou a atenção foi o festival não oferecer água gratuita ao público, algo cada vez mais comum em grandes eventos desde o incidente no show da cantora Taylor Swift.



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