Morango brasileiro da Embrapa dobra produção e reduz dependência de mudas importadas


A produção brasileira de morangos vive um novo capítulo com a expansão da cultivar BRS DC25 Fênix, desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado. Em apenas dois anos, o número de viveiristas licenciados para multiplicar a variedade dobrou, passando de 18 em 2023 para 36 em 2025. A produção de mudas saltou de 2,5 milhões para mais de 5 milhões de unidades e deve ultrapassar 10 milhões em 2026.

O avanço representa um passo importante rumo à redução da dependência de mudas importadas, que ainda respondem por cerca de 98% da produção nacional, vindas de países como Chile, Argentina e Espanha. O custo das mudas estrangeiras, cotado em dólar, varia entre R$ 2,30 e R$ 3,60, o que encarece a cadeia produtiva.

Segundo o pesquisador Sandro Bonow, da Embrapa, o sucesso da Fênix está ligado à falta de cultivares nacionais adaptadas ao clima e à logística do país. “A Embrapa veio contribuir para mudar esse cenário, oferecendo uma cultivar de qualidade, com preço acessível e disponível no momento ideal de plantio para cada região”, afirma.

Produtividade e sabor que conquistam o mercado

A cultivar Fênix foi desenvolvida para unir produtividade, precocidade e qualidade sensorial. Os frutos se destacam pelo tamanho, teor de açúcar, acidez equilibrada, aroma e cor intensa, características que agradam tanto produtores quanto consumidores.

Nos testes de campo, a produtividade variou entre 900 gramas por planta em sistema semi-hidropônico e 1,6 kg por planta em cultivo a campo sob túnel baixo. O plantio ocorre entre março e abril, com colheita antecipada já entre maio e junho, o que amplia a janela de comercialização.

“O fato de ser uma cultivar precoce permite ao produtor colher antes do pico da safra e aproveitar melhores preços”, ressalta o pesquisador Luís Eduardo Antunes. Ele destaca ainda que a Fênix é resistente e se adapta bem a variações climáticas, fator essencial diante das oscilações registradas nas últimas safras.

Foto: Marcos Albertini/Embrapa

Expansão e reconhecimento

Apresentada ao público durante a Expointer de 2023, a Fênix rapidamente conquistou espaço nas regiões Sul e Sudeste, com destaque para Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Em 2025, a cultivar foi recomendada também para Brazlândia (DF), principal polo de morango do Centro-Oeste.

A projeção é que a produção de mudas alcance 10 milhões em 2026, impulsionada pelo interesse de novos produtores e pela expansão de viveiros licenciados. “O Brasil tem potencial para produzir até 350 milhões de mudas por ano. A Fênix ainda representa uma pequena fatia, mas o crescimento é rápido e promissor”, afirma Antunes.

O sucesso da cultivar também chama atenção no exterior. Empresas europeias já manifestaram interesse em representar a genética brasileira em países mediterrâneos, onde as mudanças climáticas afetam a produção tradicional de morangos.

Depoimentos do campo: confiança e resultados

Para o casal Darceli e Ilóivia Chassot, de Cerro Largo (RS), a Fênix superou expectativas. “Ela se desenvolveu bem, com 100% de pegamento das mudas, florescimento rápido e frutas grandes e saborosas. Mesmo com variações de temperatura, manteve a qualidade e a firmeza”, relatam.

Em Atibaia (SP), um dos polos mais tradicionais da cultura, a cultivar já é motivo de orgulho. O produtor José Roque Doratioto, do Sítio Serrano, destaca o sabor intenso e alta durabilidade dos frutos. O município firmou parceria com a Embrapa e, em 2025, distribuiu 400 mil mudas de Fênix a produtores locais por meio do viveiro municipal.

“A Fênix virou praticamente um patrimônio de Atibaia”, celebra o engenheiro agrônomo Marco Albertini. Segundo ele, a demanda é crescente e muitos produtores já reservam mudas para 2026.



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