Hugo, outra vez sensacional, defende pênalti de Estêvão, que chora. Empate frustra o Palmeiras, com um a mais. Corinthians é líder geral


O Palmeiras sufocou o Corinthians. Foram 22 finalizações contra apenas cinco. Mas pela frente havia Hugo, em fase incrível. E ainda defendeu pênalti de Estêvão, aos 47 minutos do segundo tempo. O atacante de 17 anos nunca marcou em clássicos. 1 a 1

Cosme Rímoli|Do R7

Hugo defendeu o sexto pênalti no Corinthians. O segundo nesta semana Corinthians

A cena foi comovente.

Estêvão, um menino de 17 anos, chorando.

Escondendo o rosto coberto de lágrimas com a camisa verde.

Enquanto isso, a torcida do Palmeiras o aplaudia, incentivava.

O motivo era óbvio.

O jogador, que foi vendido para o Chelsea por R$ 369 milhões, teve no pé esquerdo a vitória no pé esquerdo.

Pênalti aos 47 minutos do segundo tempo, contra o Corinthians, no Allianz Parque.

Infração cometida nele, que invadiu a área, até ser derrubado por Ryan.

Estêvão caiu comemorando.

Gustavo Gómez segurou a bola, suportou provocações.

Mas era puro teatro.

Para que Estêvão cobrasse tranquilo o pênalti.

Só que teve pela frente Hugo.

Além de explosão muscular, impulsão, 1m96, o goleiro é estudioso.

Sabe os cantos prediletos dos adversários nas penalidades.

Além do talento e instinto naturais.

Ele voou com toda a convicção no seu canto direito e defendeu a cobrança.

Estêvão, que já jogou sete clássicos, seguiu seu jejum.

Nunca marcou contra Corinthians, São Paulo e Santos.

Empate em 1 a 1, ótimo para o Corinthians, líder geral do Paulista, com 19 pontos.

E péssimo ao Palmeiras, sete pontos atrás.

O time de Abel Ferreira ficou com um jogador a mais, depois de expulsão infantil, tola, de Yuri Alberto.

O atacante já havia tomado cartão amarelo como uma criança, ao chutar a bandeirinha com o símbolo do Palmeiras, após marcar seu gol, que empatou o jogo, aos 42 do primeiro tempo, aproveitando passe maravilhoso de Memphis, que roubou a bola, em rara indecisão de Richard Ríos.

Maurício mais à frente do que Raphael Veiga. A surpresa de Abel Ferreira deu certo Cesar Greco/Palmeiras

Depois, resolveu simular falta de Naves, que estava a 50 centímetros de distância.

Outro amarelo e expulsão, complicando o Corinthians, que já era pressionado.

Mas Hugo amenizou a situação.

“Fico feliz pela minha perfomance. Precisa de um pouco mais da nossa equipe. Complicou mais com a expulsão. Não vou falar de arbitragem, decisão é deles. A gente vai melhorar, mas o importante é que a gente não perdeu.

“Ponto importante para deixar na liderança do grupo e classificação geral.

“Vamos buscar cada vez mais as vitórias.

“Feliz por ter evitado a derrota e vamos continuar lutando para fazer os três pontos e ganhar os clássicos.”

Falou com a autoridade de quem já se tornou capitão do Corinthians.

O time de Ramón Díaz entrou em campo para contragolpear.

Taticamente distribuído no 4-5-1.

Abel Ferreira colocou seu time à frente, com Estêvão pela direita e Facundo Torres, na esquerda.

Com seu 3-5-2.

Apostando na surpresa: prendendo Raphael Veiga e deixando Maurício mais à frente para articular jogadas ofensivas e finalizar.

Foi assim que o ex-jogador do Internacional recebeu excelente lançamento de Piquerez e bateu forte, sem chance para Hugo, aos oito do primeiro tempo.

Yuri Alberto provocou a ira dos palmeirenses chutando a bandeira, com a imagem do clube. Amarelo infantil. Depois, expulsão por simulação. Tomará bronca de Ramón Díaz Corinthians

O Palmeiras tomou a iniciativa praticamente a partida toda.

Deu 22 arremates contra cinco do Corinthians.

Só que mostrou pela ‘milésima’ vez a falta de um artilheiro.

O treinador português palmeirense decidiu escancarar sua carência.

E colocou o jovem zagueiro Benedetti como centroavante nos minutos finais do clássico.

Atitude que misturou protesto com desespero pela vitória.

Abel Ferreira sabe: é o atual tricampeonato paulista, fazendo do seu time líder da fase de classificação.

Para decidir os jogos decisivos no Allianz.

Só que a largada neste Paulista foi muito ruim.

Para o clube que sonha em ganhar o inédito tetracampeonato paulista.

“Fomos altamente ofensivos, altamente agressivos, altamente produtivos. Já falei muitas vezes em sorte e criticaram, mas é verdade. A sorte faz parte do futebol, mas é só minha opinião. Com o que criamos hoje, na hora certa, no momento certo, esta sorte há de vir. Ninguém vai se queixar de ganhar a Libertadores no último segundo com um cruzamento do meio-campo.”

O treinador não quis entrar em detalhes sobre Flaco López não estar, novamente, nem no banco de reservas.

No clube há a certeza do descontentamento do atacante, que segue no radar do River Plate.

Do lado do Corinthians, a desculpa pelo defensivismo foi depositada na ridícula expulsão de Yuri Alberto.

“Queríamos atacar o Palmeiras mais por fora com três zagueiros, os laterais são fortes por fora. A expulsão acabou derrubando tudo o que estávamos planejados. Não gostamos de empatar, tentamos ganhar sempre os clássicos. Quando está com 10, tirar um ponto e seguir com a vantagem de quatro pontos na tabela nos favorece. Não estamos contentes porque gostamos de ganhar, mas infelizmente a expulsão condicionou muito o jogo”, disse Emiliano Díaz, filho e auxiliar de Ramón Díaz, que costuma falar mais do que o treinador nas coletivas.

“É uma lástima o cartão no primeiro lance. Tem que crescer como grupo, uma ação quase solo, bola para dentro e o árbitro com a experiência que tem um clássico deixar passar. Poderia continuar e não teria nada, mas são decisões do árbitro.

“Isso nos complicou, em um clássico é difícil jogar com dez, mas a equipe soube jogar. Gostamos de ganhar, mas temos que melhorar muitíssimo”, decretou Ramón Díaz.

Abel Ferreira, inconformado por não ter um artilheiro. Colocou zagueiro de centroavante Cesar Greco/Palmeiras

Ele vai cobrar a atitude tola de Yuri Alberto no primeiro amarelo.

O chute na bandeira de escanteio com o símbolo do Palmeiras foi uma evidente provocação, em um jogo que estava sendo disputado com lealdade. ‘Pediu’ para ser advertido.

Estêvão, abatido, não quis dar entrevistas.

O adolescente de 17 anos sabe.

Perder um pênalti no clássico empatado contra o Corinthians, aos 47 minutos do segundo tempo, é pesado demais.

Como todo grande jogador, precisa variar a maneira com que cobra penalidades.

A lição inesquecível foi inesquecível ontem à noite.

E custou a vitória palmeirense.

Além de suas lágrimas…

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.



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