BRASÍLIA (Reuters) -A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu 11 pontos percentuais em dois meses e atingiu 24% em fevereiro, enquanto a reprovação subiu para 41%, apontou pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, registrando os piores índices de avaliação de todos os mandatos do petista.
Segundo o instituto, aqueles que avaliavam o governo como “ótimo ou bom” em dezembro caíram de 35% para 24% na rodada de fevereiro. Os que avaliaram a gestão como “ruim ou péssima” foram de 34% para 41%. Os 29% que consideravam o governo “regular” no fim do ano passado passaram para 32%.
Até então, o pior índice de aprovação de um governo Lula — 28% de “ótimo e bom” — havia sido registrado no auge da crise do chamado “mensalão”, em 2005. O patamar mais alto de reprovação havia sido detectado justamente em dezembro passado.
A sondagem foi realizada na segunda e terça-feira desta semana, e provavelmente captou o impacto da alta do preço dos alimentos e da propagação de informações falsas sobre tributação do Pix.
Desde o início do ano o governo tem buscado soluções para reduzir os preços dos alimentos. Lula pediu que seus ministros avaliem medidas para controlar a trajetória dos preços e tem declarado que vai “cuidar com muito carinho” do assunto.
De acordo com o IBGE, o grupo Alimentação e bebidas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,96% em janeiro, o quinto aumento consecutivo. A alimentação no domicílio subiu 1,07%, influenciado pelas altas da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%).
No caso do Pix, instrução normativa da Receita Federal — que incluía as chamadas Fintechs na resolução que obriga a notificação de transações financeiras acima de um determinado valor — resultou em uma onda de informações falsas acusando o governo de tentar monitorar as transações para taxar os pagametos via Pix. O governo teve de revogar o instrumento após a repercussão negativa.
A pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira também aponta que a popularidade do governo sofreu um baque inclusive entre os grupos eleitorais mais simpáticos a Lula: entre os que ganham até dois salários mínimos, entre os que só têm ensino fundamental e na Região Nordeste.
Foram entrevistados 2.007 eleitores em 113 cidades, e a margem de erro é de 2 pontos para mais ou menos.
(Reportagem de Maria Carolina MarcelloEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)
