Ao tomar posse nesta segunda-feira (10), os ministros Gleisi Hoffmann, na Secretaria de Relações Institucionais, e Alexandre Padilha, na Saúde, se mostram dispostos a entregar a “agressividade na política” que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao justificar a demissão de Nísia Trindade, ex-titular da Saúde.
Para reagir à queda da aprovação do governo, Lula tem pedido agilidade na entrega de resultados, mas quer também auxiliares dispostos a fazer a defesa do governo e a ir para o confronto com a oposição.
Não apenas para reverter o atual desgaste explorado pelos adversários, mas, sobretudo, para pavimentar o caminho para a disputa presidencial em 2026.
Desde que Flávio Dino deixou o Ministério da Justiça para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro do ano passado, o governo Lula perdeu seu principal nome no embate com o bolsonarismo e sua figura mais popular, que entusiasmava a militância nas redes sociais.
Em seus discursos, Gleisi e Padilha, talhados pela militância no PT e em suas experiências anteriores como ministros e no Congresso, jogaram com a polarização e marcaram diferença com a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
“Ao fim daquela duríssima campanha, a democracia venceu. Venceu nas urnas, pela vontade popular, e venceu a trama golpista que culminaria nos atentados de 8 de janeiro de 2023. Venceu pela repulsa da sociedade àquela violência e pela firme reação das instituições, dos presidentes da República, da Câmara e do Senado e do Supremo Tribunal Federal”, afirmou a nova ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais.
Gleisi ainda fez questão de citar nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos do 8 de janeiro e da tentativa de golpe.
“Quero aqui reconhecer o papel do ministro Alexandre de Moraes na defesa da democracia e agora da Soberania Nacional. Respeitamos e temos relações com todos, mas o Brasil é dos brasileiros e brasileiras”, disse Gleisi, prometendo dialogar com “todas as forças políticas” num governo de coalizão.
Por sua vez, Alexandre Padilha ao assumir o Ministério da Saúde fez a defesa do Sistema Único da Saúde (SUS), lembrou o período da pandemia da Covid-19, que completa cinco anos neste ano, e a gestão da crise sanitária no governo de Bolsonaro.
“Na condição de ministro da saúde, como médico, professor universitário, pesquisador, defensor do SUS, terei sim um inimigo, diante do qual nunca recuarei: o negacionismo e as ideologias que desprezam a vida. Negacionistas, vocês têm as mãos sujas com o sangue de todos aqueles que partiram na pandemia. Este governo não permitirá que a perversidade de vocês gere indiferença e desprezo à vida das nossas crianças e famílias brasileiras”, discursou Padilha.
O novo ministro da Saúde assume a pasta com a missão de criar uma marca para o governo na área. A principal aposta é fazer decolar o programa “Mais Acesso a Especialistas” e ampliar o número de consultas com médicos especialistas, como cardiologistas, oncologistas, ginecologistas etc.
O programa deverá ser reformulado e cogita-se, até mesmo, ganhar um nome que ajude na sua popularização.
Nas redes sociais, Padilha já publicou um vídeo usando um colete do “Mais Médicos” e contando sua trajetória na medicina. Em seu discurso de posse, convocou Zé Gotinha. “Se prepara Zé Gotinha, vamos andar muito esse país para vacinar quem precisa ser vacinado”, acrescentou.
A ordem no Palácio do Planalto é ativar o “modo campanha” e sair da passividade diante dos ataques dos adversários. A orientação daqui por diante é buscar sempre a comparação com a gestão anterior.
Gleisi e Padilha sabem como cumprir a missão. Como disse Lula em sua primeira reunião ministerial do ano, “2026 já começou.”