Na falta de mesa de bar e confraternização de fim de ano, Brasília viveu uma sexta-feira que mais parecia um jogo de truco entre as instituições.
A primeira carta veio da Câmara. Como Arthur Lira havia anunciado na véspera, a Casa enviou ainda na madrugada informações ao ministro Flávio Dino, relator no STF de ações sobre emendas parlamentares. Apontava incorreções nos questionamentos apresentados e reiterava que tudo tinha respaldo legal.
Não satisfeito, o ministro deu prazo até as 20 horas para que suas questões, uma a uma, fossem esclarecidas pela Câmara.
Soou como um grito de truco, lembrando o que se ouve entre grupos de amigos que já estão aproveitando o descanso de fim de ano, ao contrário de consultores jurídicos, servidores do Judiciário e jornalistas de plantão.
Pouco antes do fim do prazo, a Câmara respondeu. Mas o “seis” não tem como alvo o ministro do STF, e sim os vizinhos senadores e, de novo, os ministros do governo Lula.
O Senado e seus integrantes são mencionados 19 vezes no documento concluído no início desta noite, mesmo número de citações à própria Câmara. Os deputados dizem que fizeram o mesmo que os senadores em relação às emendas de comissão e que, no fim das contas, são verbas não impositivas. Ou seja, é o governo quem decide se paga ou não.
O novo recado é: a Casa dos Deputados não vai nem recorrer da decisão de Dino. Deixa a missão para o Congresso Nacional – cujo presidente é o presidente do Senado – e para a Advocacia-Geral da União.
Para a Câmara, agora são eles que devem gritar “nove”, “doze”, ou esconder as cartas embaixo do monte.