Clubes ricos aceitam, em troca de gramados sintéticos, e não ao fair play financeiro, rebaixamento de só três times. E apenas seis estrangeiros


Vazaram os principais pontos do Conselho Técnico da CBF. Os clubes se dividiram em blocos e defenderam seus interesses. Os principais são retrocessos ao futebol brasileiro. Em vez que quatro rebaixados, só três. E a diminuição de nove para só seis estrangeiros por clube

Marcelo Teixeira, Leila e Bocatto, representante do Corinthians. Interesses em jogo Rafael Ribeiro/CBF

Foi um toma lá, dá cá.

Se os gramados sintéticos vão continuar, o rebaixamento será de só três clubes.

Se não vai haver fair play financeiro, só seis estrangeiros por equipe.

E o apoio a Ednaldo Rodrigues para mais um mandato como presidente da CBF.

Esses foram os acordos principais no Conselho Técnico, realizado ontem, no Rio de Janeiro.

Foi pressão de todos os lados.

A começar pelo polêmico protesto dos jogadores, comandado por Neymar, contra os gramados sintéticos.

Palmeiras, Botafogo e Atlético Mineiro seriam os grandes afetados.

A presidente Leila Pereira foi quem fez a defesa mais rígida do piso no Allianz Parque.

Falou abertamente que está aprovado pela Fifa e que seu clube não mudaria o gramado.

Por conta da multifuncionalidade do estádio, que abriga shows.

E, principalmente, porque está dentro das normas da Fifa.

Ficou claro que a pressão dos clubes que mantêm gramados naturais queriam algo em troca.

O mais explícito foi o presidente do Santos, Marcelo Teixeira.

Ele aproveitou e colocou em prática um velho sonho de preservação.

E que foi incutido no seu cérebro pelo ex-técnico Vanderlei Luxemburgo.

A ideia de que quatro rebaixados é um número muito alto no Brasileiro.

Teixeira, que sabe da situação caótica financeira do Santos, devendo mais de R$ 500 milhões, dependendo seu balanço de 2025 de Neymar, aproveitou.

Os dirigentes que comandam os clubes da Série A. Cada um cuidando do seu interesse Rafael Ribeiro/CBF

E brigou para que apenas três clubes caíam, a partir de 2027.

É, assumidamente, autopreservação.

O Santos esteve na Segunda Divisão em 2024 e ficou ainda mais endividado.

Com receitas menores.

Sem poder fazer a sonhada reforma na ultrapassada Vila Belmiro, desejada há pelo menos uma década, pelos dirigentes.

O Santos não está sozinho.

Há equipes como o Sport, Ceará, Mirassol, que subiram este ano, também querem ter mais chance de seguirem na A.

Para não haver injustiça, a regra só deverá a valer em 2026.

Aí chegou a hora do fair play financeiro.

Como evitar que Flamengo, Palmeiras, Botafogo, Atlético Mineiro e Cruzeiro, clubes mais ricos do país, possam seguir comprando os melhores jogadores?

Seus dirigentes não querem um limite explícito.

Uma quantia que possam gastar por temporada.

Ou pelo menos uma porcentagem fixa do que arrecada.

Nada disso.

Então, a saída dos outros clubes, sem tanta organização, sem bilionários por trás, foi simples.

Pelo menos propor a redução de estrangeiros por time.

Evitar que sejam montadas uma Legião Estrangeira de craques.

Diminuir o número de atletas que não nasceram no Brasil para seis, em vez de nove.

É uma medida protetiva.

E também que serve como compensação para que os ricos sigam gastando o que quiserem.

Mas pelo menos vão ter menos opções estrangeiras.

A postura da CBF, diante de tanto interesse, foi de lavar as mãos.

E o Conselho Nacional de Clubes, que era apenas consultivo, vai ter poder de decisão.

Ele é formado por Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Internacional, São Paulo e Vasco.

O Palmeiras, de Leila Pereira, se tornou convidado.

Mas com direito ao mesmo poder das outras equipes.

O presidente do Conselho Nacional de Clubes é Marcelo Paz, do Fortaleza.

O Santos, campeão da Segunda Divisão, deixou de arrecadar, saindo da Série A, cerca de R$ 90 milhões CBF

O futebol brasileiro vai mudar.

O medo venceu.

E os rebaixados passarão a ser três.

Premiando trabalhos mal feitos, clubes desorganizados, incompetentes.

Não haverá fair play, o que manterá a injusta vantagem dos ricos.

Os polêmicos gramados sintéticos seguirão excelente aos seus donos, com os atletas acostumados ao piso.

E os brasileiros, mesmo que mais fracos tecnicamente, terão reserva de mercado, com a diminuição dos estrangeiros em campo.

Assim caminha o futebol deste país.

Com cada clube pensando no seu interesse apenas.

O reflexo está na distância cada vez maior do potencial dos clubes europeus.

E o jejum de 23 anos sem Copas do Mundo…

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.



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