Comunicado do Copom veio com “pegadinhas” e trouxe preocupações ao mercado | Blogs


O primeiro Copom de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central não surpreendeu pela decisão de subir os juros para 13,25% e sinalizar, ou confirmar, que vai repetir o passo no encontro de março. A partir daí, o comunicado do Comitê gerou preocupações no mercado.

A principal delas veio no balanço de riscos descrito pelo Comitê para o que pode fazer a inflação subir ou cair no chamado horizonte relevante para a política monetária, ou seja, no tempo de impacto da taxa de juros na economia. As novidades na comunicação do BC vieram na descrição dos riscos para queda da inflação.

No primeiro, o Copom levanta preocupação com a perda de ritmo no crescimento da economia com “impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada”. Este ponto chamou atenção pelo momento em que a ressalva do BC aparece. A indagação entre economistas ouvidos pelo blog é se não está muito cedo para colocar uma provável queda do PIB como fator baixista da inflação.

No segundo risco apontado pelos diretores do BC, veio um ponto tratado até como “enigmático” pelo mercado. Diz o comunicado que “um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais”, pode provocar queda da inflação.

Ora, o que o mundo todo está dizendo é que a política tarifária de Donald Trump é inflacionária, não o contrário. Na comunicação do BC não há citação direta ao presidente americano, mas fica óbvia a associação. De duas, uma. Ou o BC realmente vê um cenário muito diferente, ou explicou mal sua visão sobre os impactos da política econômica que ainda será implementada pelo republicano.

Está certo que o comunicado fala em “cenário menos inflacionário”, mas ainda assim, inflacionário, não desinflacionário.

Ao final, a decisão do BC não surpreendeu, mas a comunicação provocou mais dúvidas do que alguma dose de previsibilidade sobre os próximos passos do Copom. Dado um quadro de muita incerteza no cenário global, cabe deixar a porta aberta para interpretações possíveis com andar da carruagem. Mas sobre a economia doméstica, o que se sabe é que o governo não vai mudar sua política fiscal e o PIB vai desacelerar, mas não ao ponto de permitir uma queda forte do IPCA – vide projeções muito acima da meta de 3% para 2025, 2026 e 2027.

A ata da reunião desta quarta-feira (29), que será divulgada na próxima semana, pode esclarecer muitas coisas, como aconteceu nos últimos encontros do Copom. De qualquer forma, para uma decisão de estreia da nova diretoria, com maioria indicada por Lula, e sob a liderança de Gabriel Galípolo, a reação do mercado não indica boa recepção do cenário traçado pelo BC.



Veja matéria completa!

Cookie policy
We use our own and third party cookies to allow us to understand how the site is used and to support our marketing campaigns.

Hot daily news right into your inbox.