Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou a quarta-feira perto da estabilidade ante o real, na faixa dos R$5,80, com parte dos investidores aproveitando cotações mais elevadas para vender moeda, em um dia marcado pelos dados da inflação norte-americana e pela guerra comercial desencadeada pelos EUA.
A moeda norte-americana à vista fechou em leve baixa de 0,05%, aos R$5,8086. Em março, a divisa acumula queda de 1,82%.
Às 17h30 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,14%, aos R$5,8250.
No início do dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA — o índice oficial de inflação no Brasil — subiu 1,31% em fevereiro, depois de avançar 0,16% em janeiro. O resultado ficou praticamente em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, de alta de 1,30%.
Mais do que aos dados do IPCA, o mercado de câmbio brasileiro reagiu aos números do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que avançou 0,2% em fevereiro, desacelerando ante a alta de 0,5% em janeiro. Economistas esperavam por uma taxa de 0,3%.
Apesar do resultado favorável do CPI, alguns componentes subjacentes dos dados que alimentam o índice PCE — a medida de inflação preferida do Federal Reserve — ficaram acima do esperado.
Com os números nas telas, o dólar apresentou duas reações. Em um primeiro momento ele recuou no exterior — e também no Brasil — em meio à leitura de que o CPI cheio abaixo do esperado fortalece a perspectiva de corte de juros pelo Federal Reserve.
Em um segundo momento, as preocupações com o PCE fizeram o dólar retomar força ao redor do mundo. No Brasil, às 10h04, o dólar à vista marcou a cotação máxima de R$5,8485 (+0,64%).
“Nestes níveis, sempre tem fluxo de exportador, vendendo bem dólares não só no pronto (mercado à vista) quanto no futuro”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, sobre o retorno das cotações para o território negativo durante a tarde.
“Além disso, algumas outras moedas emergentes também estão ganhando ante o dólar, como o peso mexicano.”
Às 15h15 o dólar à vista marcou a mínima de R$5,7965 (-0,25%), para posteriormente voltar a oscilar acima dos R$5,80.
O vaivém das cotações durante o dia também foi influenciado pelas preocupações em torno das tarifas de importação impostas pelos EUA a outros países. Nesta quarta-feira entrou em vigor o aumento de tarifas sobre importações de aço e alumínio. Os países mais afetados são Canadá, o maior fornecedor estrangeiro de aço e alumínio para os EUA, Brasil, México e Coreia do Sul, que têm desfrutado de isenções ou cotas.
Às 17h23, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,12%, a 103,570.
Pela manhã o Banco Central vendeu 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.
À tarde o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$783 milhões em março até o dia 7. O período corresponde à semana passada, que teve apenas três dias úteis em função do Carnaval.