Para o diretor Walter Salles, vencer o prêmio Goya de melhor filme ibero-americano tem um gosto diferente. “Ainda Estou Aqui” foi o primeiro longa brasileiro a concorrer e ganhar o prêmio, considerado o Oscar do cinema espanhol.
“Fazer parte dessa tradição narrativa tão ampla foi um presente muito especial”, disse Walter Salles à Folha em Los Angeles, citando uma linha longa de autores ilustres, de Luís de Camões e Miguel de Cervantes, passando por Octavio Paz, Gabriela Mistral, Gabriel García Márquez, Clarice Lispector e Carlos Drummond.
“O fato de estarmos todos juntos numa comunidade e juntos no Goya, tem um significado realmente único. É diferente de qualquer outro prêmio, e de qualquer um que venha”, acrescentou Salles, que teve seu filme indicado em três categorias do Oscar, incluindo melhor produção do ano.
Neste sábado, Salles estava em Los Angeles para participar de um bate-papo com o diretor mexicano Guillermo del Toro após a exibição de “Central do Brasil” (1998) na American Cinematheque. Ao sair da sessão, ficou sabendo da vitória do Goya.
“Espero que muitos outros filmes brasileiros entrem nessa rota agora, e que a academia espanhola abrace o cinema brasileiro que é tão polifônico e tão criativo, com suas múltiplas formas de existir”, disse Salles. “Espero que esse cinema esteja presente todo ano no Goya daqui para a frente.”
