Startup usa inteligência artificial para pesar bois e reduzir custos na pecuária



A necessidade de obter dados confiáveis sobre o rebanho deu origem a uma solução inovadora para a pecuária. A Olho do Dono, startup brasileira do Espírito Santo, desenvolveu uma tecnologia baseada em inteligência artificial (IA) e visão computacional que permite pesar animais a campo, sem o uso de balanças convencionais. O sistema promete reduzir custos operacionais, otimizar o manejo e preservar o bem-estar animal.

A ideia surgiu há cerca de dez anos, quando gestores de um family office perceberam que não era possível realizar uma avaliação econômica precisa de uma fazenda de pecuária. O número exato de cabeças do rebanho era incerto e o peso total do gado era apenas uma estimativa. Diante do impasse, nasceu a proposta de desenvolver uma ferramenta que reproduzisse, de forma automática e precisa, a capacidade do pecuarista experiente que “bate o olho” e estima o peso de um boi.

“Essa ideia surgiu quando quase ninguém falava de inteligência artificial no campo, e foi o ponto de partida para criar uma tecnologia pioneira que hoje está transformando a pecuária. A partir daí começamos a ficar imersos em fazendas, conversar com professores, zootecnistas, veterinários, agrônomos, etc, e identificamos que essa era uma dor mundial”, disse Pedro Henrique Mannato, um dos fundadores e CEO da Olho do Dono.

Desde então, a startup consolidou uma base de dados própria, com mais de 1,5 milhão de imagens 3D de bovinos associadas ao peso de balança, coletadas em fazendas do Brasil, Argentina, Paraguai e México. Esse banco alimenta os algoritmos que sustentam a solução.

Como funciona

O sistema utiliza uma câmera 3D portátil e resistente à água, que não exige energia elétrica nem conexão com a internet durante o uso no campo. Em média, é possível filmar 100 animais em apenas cinco minutos. Posteriormente, ao conectar o equipamento ao Wi-Fi no escritório, os vídeos são enviados automaticamente para a nuvem, onde são processados pela IA.

Os relatórios retornam com dados de peso individual e por lote, ganho médio diário (GMD), contagem de cabeças e auditoria de presença, quando o rebanho é identificado com brincos eletrônicos. A integração com leitores de brinco permite acompanhar o histórico de cada animal ao longo do tempo.

Clientes de peso

A solução já está presente em propriedades de diferentes perfis, com rebanhos que variam de 500 a 120 mil cabeças, em países como Brasil, Argentina e Paraguai. Entre os clientes estão o Grupo Rialma, que realiza auditorias mensais de peso em todas as suas fazendas, e a JBS, que incorporou a tecnologia ao seu programa de assistência técnica a produtores.

O modelo também conquistou espaço fora do país. Ricardo Negri, ex-vice-ministro da Agricultura da Argentina, inicialmente cliente, tornou-se investidor para ampliar a distribuição da ferramenta no mercado argentino.

Vantagens

O método tradicional de pesagem demanda deslocar o gado até o curral, atividade que pode levar 6 a 12 horas para 300 animais, mobilizando cinco vaqueiros e submetendo os bois a estresse, risco de acidentes e perda de peso.

Com a Olho do Dono, a mesma atividade pode ser realizada em 15 minutos, diretamente no pasto, com apenas dois ou três vaqueiros. Além da economia de tempo e mão de obra, o processo favorece o bem-estar animal e gera informações estratégicas em tempo real, afirmou Mannato .

Aporte de investimos

A agtech , recentemente , recebeu um aporte de investimento de R$ 2,2 milhões da BR Angels, o que deve ajudar impulsionar o crescimento do negócio.

“O objetivo é expandir e levar a tecnologia para cada vez mais produtores. Em 2026, esperamos crescer 300% e vamos lançar um novo produto complementar que vai ajudar ainda mais o produtor”, revelou Mannato.

De acordo com o CEO da startup, a inteligência artificial já demonstra impacto direto na redução de custos com mão de obra. O uso da tecnologia possibilita uma economia de até 95% no tempo de manejo de pesagem, permitindo que equipes menores realizem a operação com a mesma qualidade.

“Nos próximos anos, a combinação de sensores, dados e inteligência artificial deve ampliar ainda mais a produtividade, otimizar o bem-estar animal e oferecer ao pecuarista ferramentas estratégicas para melhorar a rentabilidade do negócio”, projeta Mannato.



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