Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) – A ONU rejeitou nesta segunda-feira uma tentativa dos Estados Unidos de suavizar a posição da Assembleia Geral sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, dando uma vitória diplomática a Kiev e seus aliados europeus, enquanto o presidente Donald Trump tenta mediar um acordo de paz.
Com 193 membros, Assembleia Geral votou minutas de resoluções concorrentes — um de Washington e um editado pela Ucrânia e Estados europeus — para marcar o terceiro aniversário da invasão da Rússia à sua vizinha.
Os Estados Unidos foram forçados a se abster da votação da sua própria resolução, após países europeus emendarem o rascunho de Washington para acrescentar linguagem que reflete o apoio de longa data da ONU a Kiev durante a guerra à soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia.
“Essa guerra nunca foi apenas sobre a Ucrânia. É sobre o direito fundamental de qualquer país existir, escolher seu próprio caminho e viver livre de agressões”, disse a vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Mariana Betsa, à assembleia antes da votação.
A disputa na ONU ocorreu após Trump dar partida em uma tentativa de mediar o fim da guerra, provocando rusgas com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e deixando aliados europeus preocupados com a possibilidade de eles e Kiev serem excluídos das negociações de paz. Autoridades russas e norte-americanas se reuniram na última terça-feira.
A resolução elaborada pelos EUA que acabou emendada recebeu 93 votos a favor e oito contra, com 73 abstenções. A Rússia não conseguiu emendar o texto dos EUA para incluir uma referência às “causas fundamentais” do conflito.
Antes da votação do texto norte-americano, a embaixadora interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea, disse que as mudanças propostas pelos europeus e pelos russos buscavam “uma guerra de palavras em vez de um fim à guerra”.
Para ela, as emendas prejudicam “o que estamos tentando conseguir com essa resolução voltada para o futuro: um consenso firme dos membros deste órgão para se unirem em uma resolução que pede um fim a este conflito”.
VOTAÇÃO DO CONSELHO DE SEGURANÇA
A assembleia aprovou a resolução elaborada pela Ucrânia e pelos países europeus, com 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções. Além dos Estados Unidos, outros países que votaram contra foram Rússia, Coreia do Norte e Israel.
“Hoje nossos colegas norte-americanos viram com os próprios olhos que o caminho para a paz na Ucrânia não será fácil e que haverá muitos que tentarão assegurar que a paz não chegue durante o maior tempo possível. Mas isso não deve nos impedir”, afirmou o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, à assembleia.
A minuta original dos Estados Unidos tinha três parágrafos — lamentando as mortes do “conflito Rússia-Ucrânia”, reiterando que o principal propósito da ONU é manter a paz e a segurança internacionais e resolver disputas pacificamente, além de pedir um fim rápido ao conflito e uma paz duradoura.
Mas emendas europeias acrescentaram referências à invasão total da Ucrânia pela Rússia e a necessidade de uma paz justa, duradoura e abrangente, de acordo com a Carta da ONU, e reafirmaram o apoio da ONU à soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia.
(Reportagem de Michelle Nichols; reportagem adicional de Simon Lewis)