Uma sentença histórica da 3ª Vara Criminal de Campo Grande condenou 16 réus envolvidos na Operação Snow, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (Gaeco/MPMS). A organização criminosa, que se destacou por traficar cocaína utilizando viaturas da Polícia Civil, recebeu penas que somam mais de 145 anos de prisão.
A decisão, publicada nesta segunda-feira (29), também impôs um duro golpe financeiro ao crime organizado, determinando o perdimento de bens e valores apreendidos que totalizam mais de R$ 10,6 milhões em favor da União.
As investigações da Operação Snow, iniciadas em 2021 e com fases de campo em 2023, revelaram um esquema altamente estruturado, com divisão de tarefas e logística interestadual. A quadrilha era responsável pelo transporte de um volume maciço de cocaína – cerca de duas toneladas entre pasta base e cloridrato – com destino ao Estado de São Paulo.
O que mais chocou no esquema foi o envolvimento de agentes públicos: a organização contava com o apoio de policiais e o uso de viaturas da Polícia Civil para facilitar o transporte e a segurança das cargas ilícitas. Um dos acusados, um policial civil, foi condenado não só à reclusão, mas também à perda do cargo público por violação de dever funcional.

Os réus condenados incluíam operadores logísticos, financiadores, transportadores e responsáveis pela crucial etapa de lavagem de dinheiro, utilizando atividades lícitas como fachada.
A condenação veio acompanhada da determinação de perdimento de um vasto patrimônio ilícito. Os mais de R$ 10,6 milhões apreendidos incluem valores em espécie, movimentações bancárias milionárias, joias e veículos.
Entre os bens de maior destaque apreendidos pelo Gaeco estão imóveis de alto padrão, que demonstram a sofisticação da lavagem de dinheiro, estão uma residência no luxuoso condomínio Jardim Acapulco III, no Guarujá (SP) e uma unidade no Riviera Boulevard SPA Resort, em Ponta Porã.
A lista inclui ainda caminhões com compartimentos ocultos usados para o transporte de drogas, contratos de locação de imóveis, notas promissórias e contratos de compra e venda de máquinas agrícolas, todos indicando movimentações financeiras suspeitas.
A Justiça determinou que os valores em dinheiro sejam revertidos ao Fundo Penitenciário Nacional. A condenação total variou entre 4 anos e mais de 23 anos de reclusão por réu, além de multas superiores a R$ 199 mil.




