Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou nesta sexta-feira a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência no lugar de Alexandre Padilha, que foi deslocado para o Ministério da Saúde.
Como antecipou a Reuters, Lula havia voltado a considerar a deputada federal para o cargo nos últimos dias, depois de ter sido aconselhado a não nomeá-la por aliados de diversos espectros políticos.
“A companheira e deputada federal Gleisi Hoffmann vai integrar o governo federal. Vem para somar na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, na interlocução do Executivo com o Legislativo e demais entes federados. O Alexandre Padilha assumirá o Ministério da Saúde. Bem-vinda e bom trabalho”, escreveu Lula em sua conta no X.
Defensora de posições mais à esquerda, especialmente na economia, Gleisi não tem uma boa relação com o centrão, hoje maior parte da base de Lula, e com quem terá que negociar as pautas do governo no Congresso.
A avaliação do presidente feita a auxiliares, no entanto, é que Gleisi teria condições no cargo de mostrar que não é uma “radical” e que pode ser uma boa negociadora.
Aliada do ministro da Casa Civil, Rui Costa, Gleisi é uma das pessoas próximas ao presidente que defende um governo mais à esquerda, e tem embates constantes, públicos e privados, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Inicialmente, Lula havia decidido colocar Gleisi na Secretaria-Geral da Presidência, para cumprir a promessa feita à aliada de que, quando completasse seu tempo frente à presidência do Partido, iria para o ministério. A deputada, no entanto, preferia a SRI ou o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que cuida do programa Bolsa Família.
Havia uma grande pressão, inclusive de dentro do governo, para que Lula indicasse alguém do centrão para a articulação política, como uma forma de ter um diálogo mais direto com esses partidos, que se sentem pouco representados no círculo mais próximo do presidente.
Lula, no entanto, queria manter o Planalto nas mãos do PT.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)