Mulheres no poder: com a palavra, elas | Blogs


Elas são únicas. Mas, neste caso, não é nem elogio. São as únicas mulheres, ou parte de um pequeno grupo feminino, nas funções que desempenham no poder.

Única líder partidária negra, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) afirma que a participação feminina na política produz mais leis que considerem as demandas das mulheres.

“Quando nós mulheres não estamos nos espaços de decisão, a democracia fica torta. Quem vai lembrar da creche integral, de pensar o orçamento brasileiro à luz daquela mulher que pega ônibus lotado todo dia e ainda sofre violência, quem vai pensar uma agenda de futuro para o Brasil não esquecendo da grande maioria do povo que é mulher, que é mulher negra?”, disse à CNN.

Semanalmente, os líderes partidários da Câmara se reúnem em encontros onde há poucas mulheres.

Única mulher a fazer parte da Mesa Diretora da Câmara, delegada Katarina (PSD-SE), contou com a pressão da bancada feminina para ocupar o espaço. Até então, havia apenas indicações masculinas para as sete cadeiras.

“Feliz por compor a Mesa Diretora, sim; satisfeita por ser a única mulher, não! O 8 de Março é exatamente sobre isso: lutar para que nosso direito à igualdade seja respeitado”, afirmou à CNN.

No Senado, das sete vagas titulares na Mesa Diretora, duas foram para mulheres: Daniella Ribeiro (PSD-PB), na Primeira Secretaria, e Ana Paula Lobato (PDT-MA), na Terceira Secretaria.

“Quando uma mulher apoia outra, com esse ato, ela transforma o mundo através do amor próprio e coletivo”, destacou Daniella Ribeiro à CNN.

Uma maior participação feminina em ambientes de poder não é questão apenas de mérito. Mulheres com formações e experiências mais sólidas do que as de homens nem sempre são escolhidas para lugares que dependem de indicação política.

Em 134 anos de existência, a principal corte do Judiciário brasileiro, o Supremo Tribunal Federal (STF), teve apenas três ministras: Ellen Gracie, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Atualmente, Cármen é a única mulher na composição do STF e preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No Superior Tribunal de Justiça (STJ), há cinco. Recém-escolhida para uma vaga, a ministra Daniela Teixeira observa que, em 20 anos, pouca coisa mudou no Judiciário. “Estamos bem perto da representatividade de 2005, quando havia uma mulher no STF (ministra Ellen) e três no STJ (ministras Eliana Calmon, Denise Arruda e Laurita Vaz)”, contabilizou.

“Ou seja, em vinte anos, apesar de todos os nossos esforços, demos um passo para frente e outro para trás e confirmamos a previsão de Lulu Santos de que: assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade. Enquanto não houver vontade politica, continuaremos sem mulheres nos espaços de poder e não teremos uma democracia verdadeiramente representativa. O que é ruim para todos”, observou.

A única mulher a presidir o Superior Tribunal Militar (STM), Elizabeth Rocha, foi indicada para o tribunal em 2007. Quase vinte anos depois, ela chegará à presidência nesta quarta-feira (12). Neste sábado (8), uma segunda mulher foi indicada a fazer parte da corte, a advogada Verônica Abdalla Sterman. “Uma democracia sem mulheres é uma democracia incompleta”, ressaltou Elizabeth à CNN.

Para ela, programas e políticas afirmativas que concretizem os direitos das mulheres e as possibilitem viver numa sociedade igualitária são necessárias.



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