Associação de Moradores realiza eleição com CNPJ “baixado” e situação pode parar na Justiça


Uma eleição marcada por disputas políticas e grande mobilização comunitária pode acabar perdendo toda a validade jurídica em Dourados. A Associação de Moradores do Jardim Água Boa, um dos bairros mais populosos da cidade, realizou recentemente um pleito que reelegeu o atual presidente Marcelo Garcia para mais três anos de mandato. No entanto, a entidade está com o CNPJ “baixado” pela Receita Federal, o que levanta dúvidas sobre a legalidade de sua existência e das decisões que vêm sendo tomadas em seu nome.

Marcelo Garcia venceu a disputa com 354 votos, superando o candidato de oposição, Adilson Alves da Silva, que obteve 218 votos. Apesar da importância da eleição para a comunidade local, menos de 600 moradores compareceram às urnas.

Segundo dados da Receita Federal, o CNPJ da entidade foi baixado por inadimplência fiscal e descumprimento de obrigações legais. Quando isso ocorre, a organização é considerada formalmente extinta. Com isso, perde o direito de praticar qualquer ato jurídico: não pode emitir notas fiscais, firmar contratos, movimentar contas bancárias nem realizar qualquer atividade econômica ou institucional de forma legal.

Ainda assim, a União das Associações de Moradores de Dourados (UDAM) convocou e coordenou a eleição por meio de edital publicado com regras previamente estabelecidas — mesmo diante da situação de insolvência fiscal da entidade. O presidente reeleito afirmou que, nos últimos três anos, priorizou outras demandas da comunidade e que a regularização da documentação será tratada “a partir de agora”. Marcelo Garcia também argumentou que o processo eleitoral foi conduzido inteiramente pela UDAM, e que sua chapa apenas participou da disputa e venceu.

José Nunes, presidente da UDAM, admitiu que muitas associações de bairro em Dourados enfrentam problemas documentais. No caso específico do Jardim Água Boa, ele atribui a origem da irregularidade à morte de um ex-presidente, que deixou pendências não resolvidas pelas diretorias seguintes.

De acordo com a Receita Federal, manter uma entidade ativa com o CNPJ baixado é ilegal e pode configurar infrações civis, tributárias e até penais. Administradores que dão continuidade a atividades nesse cenário podem ser responsabilizados por atos como falsidade ideológica, apropriação indébita e exercício irregular de função.

A oposição, liderada por Adilson, declarou que ainda estuda medidas legais diante da situação. Já o Ministério Público Estadual (MPE) pode ser acionado para apurar possíveis irregularidades, tanto por parte da associação quanto da UDAM, responsável por organizar a eleição.

A regularização da entidade é fundamental não apenas para garantir a legitimidade de suas eleições, mas também para que possa firmar parcerias, receber recursos públicos e representar legalmente os interesses dos moradores. Sem isso, todas as decisões e atos administrativos correm o risco de serem anulados judicialmente.

Reeleito, Marcelo disse que vai regularizar a situação da entidade.(Foto: Divulgação)



Veja a Matéria completa!

Cookie policy
We use our own and third party cookies to allow us to understand how the site is used and to support our marketing campaigns.

Hot daily news right into your inbox.