Advogados do ex-ministro de Direitos Humanos Silvio Almeida alegam que desde o ano passado tentam processar a ONG MeToo, responsável por reunir denúncias contra ele por importunação sexual, e que foram surpreendidos ao serem acionados no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo grupo.
Almeida moveu uma interpelação judicial contra a ONG na justiça de São Paulo por calúnia, em 5 de setembro, mesmo dia em que a denúncia de que teria assediado a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, veio à tona.
Em dezembro, porém, o oficial de justiça não conseguiu localizar a representante legal da ONG, a advogada Marina Ganzarolli, no endereço estatutário informado pelo Me Too Brasil, em Santa Cecília, em São Paulo.
Em documento anexado ao processo, o oficial diz que foi informado pelo porteiro do prédio que ela havia se mudado e a declara em “lugar incerto e não sabido”.
A não intimação impede o andamento da interpelação judicial.
Procurado pela CNN, o MeToo informou que não tomou conhecimento do processo de Almeida contra a ONG. Segundo a instituição, desde o início das investigações, a Polícia Federal se comunica normalmente com eles por meio de endereço, e-mail e WhatsApp.
“Ao contrário do ex-ministro, o Me Too Brasil não é alvo de nenhum processo e investigação. O oficial de justiça tem que dizer para qual endereço ele foi, para que possamos responder. O único processo do qual o Me Too faz parte são duas queixas-crime contra ex-ministro por difamação e utilização da estrutura do Ministério para sua defesa pessoal”, respondeu a ONG à CNN.
A defesa de Almeida defende que os métodos da ONG sejam investigados. Nesta semana, o UOL divulgou reportagem em que afirma que ex-alunas de Silvio Almeida teriam sido procuradas para “encorpar” denúncias. A busca por denunciantes, na avaliação da defesa do ex-ministro, demonstraria falta de provas e origem duvidosa das denúncias.