PEQUIM, 3 de janeiro (Reuters) – Milhões de funcionários do governo em toda a China receberam aumentos salariais surpresa esta semana, disseram pessoas afetadas pela medida, enquanto Pequim busca aumentar os gastos para dar suporte à economia em desaceleração.
Em uma base combinada, o pagamento imediato equivaleria a um pagamento único à economia entre cerca de US$ 12 bilhões e cerca de US$ 20 bilhões, se todas as 48 milhões de pessoas consideradas trabalhadores do setor público fossem coletadas nos termos descritos à Reuters.
A última vez que a China anunciou publicamente um aumento nacional nos salários dos servidores públicos foi em 2015, quando o governo aumentou os salários dos funcionários locais em mais de 30% como parte de um esforço para combater a corrupção e aumentar o poder de compra dos consumidores.
O Gabinete de Informação do Conselho de Estado, que fala em nome do governo chinês, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Desta vez, os salários mensais dos funcionários do governo foram aumentados em uma média de cerca de 500 yuans (US$ 68,50), de acordo com pessoas contatadas pela Reuters ou que postaram nas redes sociais. Alguns funcionários juniores do governo relataram aumentos mensais de quase 300 yuans (US$ 41).
Em muitos casos, o aumento salarial de funcionários e trabalhadores do setor público foi retroativo a julho e entregue em um único pagamento, semelhante a um bônus, disseram pessoas com conhecimento do assunto.
“A estratégia de Pequim parece estar incentivando o consumo por pessoas que estão mais dispostas a gastar”, disse Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit.
“Até agora, vimos doações em dinheiro para populações pobres e aumento salarial no setor público. Grupos de baixa renda tendem a gastar uma parcela maior de sua renda, enquanto servidores públicos são presumivelmente mais propensos a gastar do que funcionários de empresas privadas devido aos seus níveis mais altos de benefícios da previdência social.”
Os aumentos salariais generalizados, que afetaram professores, policiais e funcionários públicos que trabalham em toda a China, foram relatados pela primeira vez pela Bloomberg.
A mudança não foi anunciada ou detalhada por Pequim. Não ficou imediatamente claro como o aumento seria financiado, qual seria o custo total ou o aumento percentual nos salários.
Um professor e um funcionário público, ambos no sul da China, disseram que receberam um aumento de cerca de 10%. O valor do aumento salarial também variou dependendo da situação econômica e fiscal dos governos provinciais, disse outra pessoa familiarizada com os pagamentos.
Os líderes chineses concordaram no mês passado em ter um déficit orçamentário maior, equivalente a 4% do produto interno bruto (PIB) neste ano, informou a Reuters.
Isso apoiaria os esforços para atingir uma meta de crescimento econômico de cerca de 5% para 2025, apesar dos efeitos de uma crise imobiliária prolongada, da queda dos preços e da perspectiva de tarifas mais altas sobre as exportações para os Estados Unidos.
Funcionários do governo começaram a postar nas redes sociais sobre o aumento salarial em ambos os períodos do feriado de Ano Novo.
“Será algo bom para todos se conseguirmos sair da deflação”, postou uma pessoa no Weibo de Jiangsu.
Outros foram críticos. “Como você estimula o consumo mirando em um pequeno grupo de servidores públicos?”, disse um usuário do Weibo de Hubei.
Um recorde de 3,4 milhões de jovens chineses fizeram o concurso público no ano passado, atraídos pela segurança no emprego em um momento em que o setor privado está sob pressão.
O número de candidatos ao serviço público triplicou desde 2014, embora alguns governos locais tenham enfrentado dificuldades para pagar salários , cortando compensações e, em alguns casos, eliminando empregos.
Um grupo de trabalhadores da cidade de Pequim foi informado na quinta-feira que receberia um aumento salarial de pelo menos 500 yuans por mês, sem maiores detalhes, disse à Reuters um dos trabalhadores, que pediu para não ser identificado.
As boas notícias levaram a equipe a ir a um restaurante para comemorar, disse a pessoa à Reuters. “Isso deve ajudar a aumentar o consumo”, disse ela.
Reportagem da redação de Pequim; Redação de Kevin Krolicki; Edição de Kim Coghill e Shri Navaratnam
