
Um homem foi preso nesta sexta-feira (14) com 21 armas em um apartamento no Recreio, na zona oeste do Rio.
A prisão em flagrante foi realizada pela Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos, a Desarme.
O suspeito é acusado de fornecer armamentos para grupos de extermínio.
Durante a ação, os agentes apreenderam quatro fuzis, nove pistolas, seis revólveres e duas espingardas, além de um vasto arsenal de munições, na residência do preso.
Segundo a polícia, o homem já havia sido preso em 2019, durante uma investigação sobre um triplo homicídio ocorrido no município de Petrópolis, região serrana do Rio. Além disso, o mesmo já teve registro de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC), que permite o porte de armas, mas o documento foi cancelado pelo Exército Brasileiro.
Os agentes também identificaram um volume incompatível de aquisições mesmo para um CAC legítimo.
Nos últimos dois anos, ele havia desembolsado quase R$ 300 mil na aquisição de projéteis, um valor incompatível com a prática esportiva regular.
Entre os anos de 2021 e 2024, foram adquiridas 46.834 munições, muitas de calibres restritos. Além disso, em 2019, um kit de recarga de munição e explosivos de fabricação caseira foram encontrados em uma residência de seus familiares, reforçando os indícios de atividades ilícitas.
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou a sexta-feira com queda superior a 1% ante o real, voltando a ficar abaixo dos R$5,70, em sintonia com o recuo firme da moeda norte-americana no exterior após o governo Trump adiar a cobrança de tarifas recíprocas de importação e depois de dados mostrarem retração do varejo dos EUA em janeiro.
A divulgação na reta final dos negócios de uma pesquisa Datafolha mostrando queda na avaliação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva contribuiu para o dólar renovar mínimas, conforme três profissionais ouvidos pela Reuters.
O dólar à vista fechou em queda de 1,22%, aos R$5,6974 — a menor cotação de fechamento desde 7 de novembro de 2024, quando encerrou em R$5,6759.
A divisa acumulou queda semanal de 1,65%, marcando a sétima semana consecutiva de perdas para a moeda norte-americana no Brasil. No ano a baixa acumulada é de 7,79%.
Às 17h10 na B3 o dólar para março — atualmente o mais líquido — cedia 1,19%, aos R$5,7080.
Na véspera o governo Trump detalhou um roteiro para aplicar tarifas de reciprocidade contra qualquer país que imponha impostos sobre os produtos norte-americanos. No entanto, as tarifas não entraram em vigor nesta quinta-feira, o que foi visto pelo mercado como uma estratégia do presidente Donald Trump para iniciar negociações comerciais com outros países.
Este adiamento das tarifas pesou sobre os rendimentos dos Treasuries e sobre o dólar em todo o mundo.
“Com o discurso um pouco mais leve de Trump e a compreensão de que a guerra comercial seria prejudicial, o mercado avalia que talvez este cenário (de tarifas mais altas) não ocorra tão rapidamente”, Fabrício Voigt, economista da Aware Investments.
O recuo do dólar se intensificou após o Departamento do Comércio dos EUA informar que as vendas no varejo caíram 0,9% em janeiro, depois de um aumento revisado para cima de 0,7% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo, que são em sua maioria mercadorias e não são ajustadas pela inflação, cairiam apenas 0,1%.
A pressão de baixa para o dólar no Brasil se intensificou ainda mais na última hora de negócios, após o Datafolha informar que a aprovação do governo Lula caiu 11 pontos percentuais em dois meses e atingiu 24% em fevereiro, enquanto a reprovação subiu para 41%.
Segundo o instituto, aqueles que avaliavam o governo como “ótimo ou bom” em dezembro caíram de 35% para 24% na rodada de fevereiro. Os que avaliaram a gestão como “ruim ou péssima” foram de 34% para 41%. Os 29% que consideravam o governo “regular” no fim do ano passado passaram para 32%.
Às 16h56, já após a divulgação do Datafolha, o dólar à vista marcou a mínima de R$5,6946 (-1,27%), para depois encerrar perto disso.
Três profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que o dólar caiu ainda mais com a avaliação, de parte do mercado, de que a queda da aprovação do petista significa menos chances de reeleição em 2026. Lula é visto por muitos como um presidente incapaz de promover os ajustes fiscais necessários no governo.
Um profissional defendeu, no entanto, que ainda é muito cedo para imaginar uma derrota de Lula na próxima eleição.
Às 17h55 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,29%, a 106,780.
Pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 9.630 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.
Um ano após o início da vacinação contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), a procura pelo imunizante no país está bem abaixo do esperado. De fevereiro de 2024 a janeiro de 2025, 6.370.966 doses foram distribuídas. A Rede Nacional de Dados em Saúde, entretanto, indica que apenas 3.205.625 foram aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo-alvo definido pela pasta.
A faixa etária, de acordo com o ministério, concentra o maior número de hospitalizações por dengue depois de pessoas idosas, grupo para o qual o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, não foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O esquema vacinal utilizado pela pasta é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.
Em janeiro de 2024, 521 municípios foram inicialmente selecionados para iniciar a imunização contra a dengue na rede pública já em fevereiro. As cidades compunham 37 regiões de saúde consideradas endêmicas para a doença e atendiam a três critérios: municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes; alta transmissão de dengue no período 2023-2024; e maior predominância do sorotipo 2.
Atualmente, todas unidades federativas recebem doses contra a dengue. Os critérios de distribuição, definidos pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), seguem recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). Foram selecionadas regiões de saúde com municípios de grande porte, alta transmissão nos últimos 10 anos e/ou altas taxas de infecção nos últimos meses.
A definição de um público-alvo e de regiões prioritárias, segundo o ministério, se fez necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo fabricante. A primeira remessa, por exemplo, chegou ao Brasil em janeiro do ano passado e contava com apenas cerca de 757 mil doses. A pasta adquiriu todo o quantitativo disponibilizado pelo fabricante para 2024 – 5,2 milhões de doses e contratou 9 milhões de doses para 2025.
Em comunicado divulgado no ano passado, a Takeda informou a decisão de priorizar o atendimento de pedidos feitos pelo ministério para o fornecimento de doses da Qdenga. De acordo com a nota, o laboratório suspendeu a assinatura de contratos diretos com estados e municípios e limitou o fornecimento da vacina na rede privada, suprindo apenas o quantitativo necessário para que pessoas que tomaram a primeira dose completassem o esquema vacinal com a segunda dose.
“Em linha com o princípio da equidade na saúde, a Takeda está comprometida em apoiar as autoridades de saúde, portanto, seus esforços estão voltados para atender a demanda do Ministério da Saúde, conforme a estratégia vacinal definida pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações que considera faixa etária e regiões para receberem a vacina. Conforme já anunciado, temos garantida a entrega de 6,6 milhões de doses para o ano de 2024 e o provisionamento de mais 9 milhões de doses para o ano de 2025.”
A vacina Qdenga teve o registro aprovado pela Anvisa em março de 2023. Na prática, o processo permite a comercialização do produto no Brasil, desde que mantidas as condições aprovadas. Em dezembro do mesmo ano, o ministério anunciou a incorporação do imunizante ao SUS.
Em 2024, o imunizante também foi pré-qualificado pela OMS. A entidade define a Qdenga como uma vacina viva atenuada que contém versões enfraquecidas dos quatro sorotipos do vírus causador da dengue e recomenda que a dose seja aplicada em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em locais com alta transmissão da doença.
“A pré-qualificação é um passo importante na expansão do acesso global a vacinas contra a dengue, uma vez que torna a dose elegível para aquisição por parte de agências da ONU [Organização das Nações Unidas], incluindo o Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância] e a Opas [Organização Pan-Americana da Saúde]”, avalis, à época, o diretor de regulação e Pré-qualificação da OMS, Rogerio Gaspar.
“Com apenas duas vacinas contra a dengue pré-qualificadas até o momento, esperamos que mais desenvolvedores de vacinas se apresentem para avaliação, para que possamos garantir que as doses cheguem a todas as comunidades que necessitam delas”, completou. A outra dose pré-qualificada é a da Sanofi Pasteur.
No mês passado, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta sobre a baixa procura pela vacina contra a dengue. A entidade destacou que o imunizante está disponível, atualmente, para um grupo restrito de pessoas em 1,9 mil cidades nas quais a doença é mais frequente e que apenas metade das doses distribuídas pelo ministério para estados e municípios foi aplicada.
O alerta acompanha ações recentes de prevenção e monitoramento do Ministério da Saúde e chega em um momento de preocupação por conta da detecção do sorotipo 3 da dengue em diversas localidades. O sorotipo, de acordo com o ministério, não circula no país de forma predominante desde 2008 e, portanto, grande parte da população está suscetível à infecção.
Procurada pela Agência Brasil, a pasta informou que a baixa disponibilidade para aquisição da Qdenga faz com que a vacinação não seja a principal estratégia do governo contra a doença. O ministério destacou ainda o lançamento do Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses, que prevê a intensificação do controle vetorial do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
No início de janeiro de 2025, o ministério voltou a instalar o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE), com o objetivo de ampliar o monitoramento de arboviroses no Brasil.
Em 2024, o país registrou a pior epidemia de dengue, com 6.629.595 casos prováveis e 6.103 mortes por causa do vírus. Em 2025, o Painel de Monitoramento das Arboviroses já registra 230.191 casos prováveis da doença e 67 mortes confirmadas, além de 278 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência, neste momento, é de 108 casos para cada 100 mil habitantes.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confia em medidas sociais para reverter a queda histórica de 11 pontos percentuais na aprovação, apontada pela pesquisa Datafolha desta sexta-feira (14).
Uma das apostas do Planalto é o programa Farmácia Popular. Nesta sexta, o presidente anunciou que os 41 itens oferecidos pelo programa passarão a ser distribuídos gratuitamente.
Entre os itens que passarão a ser oferecidos de graça estão fraldas geriátricas e medicamentos para o tratamento de diabetes associada à doença cardiovascular.
A equipe de Lula também deve investir no programa para disponibilizar gás gratuito para 22 milhões de famílias. Na última quarta-feira (13), o presidente disse que está “quase tudo pronto” para o lançamento do projeto.
A pesquisa Datafolha divulgada na tarde desta sexta-feira apontou queda de 11 pontos percentuais no índice de aprovação do governo Lula, que chegou a 24%. Esse é o menor índice de avaliação “ótima” ou “boa” do presidente em seus três mandatos (2003-2006, 2007-2010 e o atual).
A última pesquisa divulgada até então, em dezembro do ano passado, apontava a aprovação do governo em 35% — ou seja: houve uma queda de 11 pontos percentuais. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
*Com informações de Jussara Soares
Jogada 10|Do R7
Fazer gol é uma das alegrias do futebol, mas não sofrer também é um ponto a se destacar. Este é o caso da defesa do Flamengo neste momento no início de temporada. Em 10 jogos, a equipe rubro-negra sofreu apenas seis gols, contando as quatro primeiras rodadas do Carioca com o time sub-20. Já com a equipe principal, o aproveitamento é ainda melhor sob o comando de Filipe Luís.
Nas primeiras quatro rodadas, Cléber dos Santos assumiu o comando do Flamengo no início da competição estadual. Foram duas derrotas, um empate e apenas uma vitória, que foi na goleada sobre o Bangu. Foi o único jogo sob o comando do treinador do sub-20 que o Fla não levou gol. Somando os duelos contra Boavista, Nova Iguaçu e Madureira foram cinco gols sofridos.
Contudo, a partir do jogo contra o Volta Redonda já sob o comando de Filipe Luís, a equipe principal melhorou esses números. Em seis partidas até o momento, com times mistos e considerado titular, o Flamengo sofreu apenas um gol. Foi justamente na partida contra o Botafogo pela decisão da Supercopa do Brasil. São cinco vitórias e apenas um empate, que foi contra o Fluminense. Um grande aproveitamento para o início de temporada. Além disso, o time demonstra solidez e não cede muitos espaços aos adversários, além de ter uma características de ficar com a posse de bola.
No time considerado titular, Rossi, Wesley, Léo Pereira, Léo Ortiz e Alex Sandro formam a defesa. Por outro lado, a defesa considerada reserva tem Matheus Cunha no gol, Cleiton e João Victor na zaga e, por fim, Varela e Ayrton Lucas nas laterais. As duas escalações dão conta do recado. Além disso, Filipe Luís ainda ganhou reforço de Danilo, que chegou como zagueiro, mas também pode atuar como lateral.
Diante do Vasco, o Flamengo procura manter o ótimo aproveitmento, neste sábado, às 21h45, no Maracanã, pela 10ª rodada do Campeonato Carioca. O Cruz-Maltino, aliás, é o segundo time com maior número de gols na competição, atrás somente do próprio rubro-negro, que soma 18 gols.
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Entre tantas formas de olhar para a vasta carreira de Cacá Diegues, que morreu nesta sexta, dia 14, aos 84 anos, uma das principais está no enunciado de um filme dele lançado em 1994: veja esta canção. Ou, em outras palavras, ouça este filme.
Poucos cineastas do país foram tão bem-sucedidos ao encomendar a compositores uma trilha sonora ou uma música-tema. Ao longo de seis décadas de carreira, seus filmes contaram com alguns dos maiores compositores do período, que passearam por diversos gêneros, da valsa ao samba-enredo.
“Quando o Carnaval Chegar”, de 1972, “Xica da Silva”, de 1976, e “Bye Bye, Brasil”, de 1979, são produções notáveis sob qualquer ângulo que os vejamos. Mas os três alcançam um outro patamar de excelência artística com as canções que os acompanham.
A força dramática de Zezé Motta como Xica embalada pela música de Jorge Ben Jor –àquela altura apenas Jorge Ben– está entre os momentos mais potentes do cinema brasileiro.
Nessa seara musical, Chico Buarque foi o parceiro mais constante de Diegues, especialmente na década de 1970. A trilha sonora de “Quando o Carnaval Chegar” foi toda feita para o filme, e Chico assina a maior parte das músicas.
Além da canção do título, há preciosidades buarquianas como “Baioque” e “Bom Conselho”, ambas interpretadas no musical por Maria Bethânia. Nesta última, ela canta versos como “Venha, meu amigo / Deixe esse regaço / Brinque com meu fogo / Venha se queimar”.
Nos papeis principais, além de Chico e Bethânia, estava Nara Leão, com quem Cacá foi casado e teve dois filhos, Isabel e Francisco. No filme, ela canta “Soneto, de Chico, entre outras.
Em “Joana, a Francesa”, de 1973, a música-tema, de Chico, fez uma espécie de convite a uma mulher francesa para que deixe se entranhar na cultura brasileira, intercalando os dois idiomas.
Ao longo do filme , a canção aparece em dois momentos: interpretada pela protagonista, Jeanne Moreau, e por um dueto formado por Chico e Fagner. Ganhou um prêmio de prestígio na época, o troféu Coruja de Ouro de Melhor Música.
Em “Bye Bye, Brasil”, é espantosa a sintonia entre o enredo e a sua canção principal, com letra de Chico e música de Roberto Menescal. Ambas lamentam os momentos derradeiros de um Brasil –o país do circo, por exemplo — e veem o futuro com ambiguidade, entre a esperança e a melancolia. “No Tocantins / O chefe dos Parintintins / Vidrou na minha calça Lee / Eu vi uns patins pra você / Eu vi um Brasil na tevê”, cantou.
Depois de um longo intervalo, Chico reencontrou Diegues em “O Grande Circo Místico”, o último longa-metragem do cineasta, lançado em 2018. Mas esse é um caso peculiar porque as músicas de Chico e Edu Lobo tinham sido concebidas originalmente para um espetáculo do Balé Teatro Guaíra, de Curitiba, no início dos anos 1980.
Esse repertório foi retomado quase quatro décadas depois pelo diretor, que mantém versões clássicas, como “Beatriz” na voz de Milton Nascimento, e inova ao entregar “A Bela e a Fera” para Tiago Abravanel.
Mas há outras contribuições musicais relevantes ligadas ao cinema de Diegues, canções que mantêm o vigor décadas depois de lançadas. A começar, criações sublimes ligadas à cultura afro-brasileira.
“Ganga Zumba”, de 1964, reúne peças instrumentais, com forte acento de percussão, de Moacir Santos, como “Coisa nº 5”. São de uma sofisticação incomum para a época e até hoje soam surpreendentes.
Dois anos depois, entrou em cartaz “A Grande Cidade”, que trazia canção de mesmo nome. É um samba com música de Zé Keti e letra do próprio Cacá Diegues. Moacir Santos voltava a trabalhar com o cineasta, mas desta vez como diretor musical.
Na década seguinte, a explosão rítmica de Ben Jor acompanhou a ascensão de Xica da Silva. A partir de então, seria difícil olhar para Zezé Motta sem se lembrar dos versos dessa canção.
Houve ainda “Quilombo”, filme de 1984 com diversas canções de Gilberto Gil criadas especialmente para o filme. São o caso de “Quilombo, o Eldorado Negro” e “Ganga Zumba – O Poder da Bugiganga”.
Com quatro filmes de três décadas diferentes, Diegues impulsionou o surgimento de músicas que têm ajudado a iluminar a cultura negra no país.
Sempre haverá alguém para chiar se Caetano Veloso não cantar “Luz do Tieta” em seus shows. Esse hit e outras músicas de Caetano foram compostas para “Tieta do Agreste”, de 1996. Em “Orfeu”, lançado três anos depois, retomaram a parceria. É de Caetano, entre outras, o samba “Enredo de Orfeu”.
Diante da polifonia de linguagens que compõem um filme, um diretor de cinema também atua como um maestro, a conduzir os acordes ao encontro das imagens. Nesse sentido, com olhos e ouvidos sensíveis, Diegues foi um dos melhores.
A aprovação do presidente Lula (PT) desabou em dois meses de 35% para 24%, chegando a um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%. Acham o governo regular 32%, ante 29% em dezembro passado, quando o Datafolha havia feito sua mais recente pesquisa sobre o tema. Neste levantamento, foram ouvidos 2.007 eleitores em 113 cidades, na segunda (10) e na terça-feira (11), com margem de erro geral de dois pontos para mais ou menos.
O tombo demonstra o impacto de crises sucessivas pelas quais passa o governo, sendo a mais vistosa delas a do Pix. Ela ocorreu em janeiro, com a divulgação de que o governo iria começar a fiscalizar transações superiores a R$ 5.000 pela modalidade instantânea de transferência bancária. Ato contínuo, houve uma cobrança da oposição, sugerindo controle indevido, e uma enxurrada de fake news dizendo que haveria uma taxação do Pix. O governo ficou atônito, e restou à Fazenda do ministro Fernando Haddad (PT) revogar a medida.
Lula preferiu atribuir o fiasco à sua comunicação e trocou a chefia do setor, promovendo o marqueteiro baiano Sidônio Palmeira para a vaga do petista Paulo Pimenta. Os problemas, contudo, continuaram. A inflação de alimentos é um foco constante de preocupação, e o presidente não contribuiu com frases como aquela na qual sugeriu que as pessoas parassem de comprar comida cara. Se na teoria parece lógico, soou como um lavar de mãos, devidamente aproveitado pela mais ágil oposição.
Resultado: Lula colheu a pior avaliação de sua vida como presidente. Antes, havia atingido 28% de ótimo e bom em outubro e dezembro de 2005, no auge da crise do mensalão, em seu primeiro mandato (2003-06). Já o maior índice de ruim e péssimo fora registrado em dezembro passado (34%). Seu terceiro mandato, iniciado em 2023, vinha sendo marcado por uma certa estabilidade na avaliação. Na média entre nove levantamentos do Datafolha, sua aprovação era de 36% e a reprovação, de 31%. Os números atuais falam por si.
Seu antagonista principal na polarização brasileira, o antecessor Jair Bolsonaro (PL), tinha uma reprovação semelhante a essa altura de seu mandato, marcando 40% de ruim/péssimo. Sua aprovação, contudo, era algo melhor: 31%. A pesquisa mostra a erosão da popularidade de Lula inclusive em grupos usualmente próximos do petista, o que deve tornar as luzes amarelas acesas no Planalto em vermelhas. São estratos com grande importância eleitoral pelo tamanho. Na parcela dos que ganham até dois salários mínimos, por exemplo, a aprovação caiu de 44% para 29%. Eles representam 51% da amostra populacional do Datafolha, e a margem de erro no grupo é de três pontos percentuais apenas.
Nos 33% dos ouvidos que só têm ensino fundamental, o tombo foi também de 15 pontos: de 53% para 38%. Aqui, a margem de erro é de quatro pontos. Mesmo na fortaleza Nordeste, reduto eleitoral por excelência do petismo apesar do avanço do bolsonarismo, houve grande prejuízo, com o ótimo/bom deslizando de 49% para 33%, numa região que concentra 26% do eleitorado, com margem também de quatro pontos.
Entre eleitores de Lula no segundo turno contra Bolsonaro em 2022, o recuo foi de 20 pontos, chegando a 46%. Aqui, a desaprovação quase dobrou (7% para 13%), mas a desconfiança fez a opinião migrar mais para o regular, que foi de 27% para 40%. A margem de erro é de quatro pontos. Colocando os números de aprovação na forma de saldo, Lula só se sai no azul entre os menos escolarizados, com uma margem positiva de dez pontos, e numericamente entre os nordestinos, com magros três pontos.
Já os piores grupos, em termos de saldo, são as três faixas de renda acima dos 2 mínimos: de 2 até 5 e de 5 até 10 salários (33 pontos negativos em ambos) e acima de 10 (45 negativos), ressalvando que aí as margens de erro são respectivamente de 4, 8 e 12 pontos, para mais ou menos.
A pesquisa não fez especulações eleitorais, mas servirá de combustível para o debate surdo que se ouve nas hostes governistas acerca das chances de Lula em 2026.
Outros levantamentos publicados recentemente apontam que ele segue favorito, mas ainda é cedo e não se sabe o impacto de longo prazo de uma exposição à chuva da desaprovação. O próprio presidente tem tentado sugerir cautela, dizendo que será candidato no ano que vem “se estiver legal de saúde”. Ele já escolheu uma linha argumentativa, repetida por seus ministros, para explicar a crise em que seu governo se encontra. “Esse é o meu ano. Eu quero desmascarar essa quantidade de mentira que tem nas fake news, no celular, todo mundo mentindo para todo mundo”, disse em viagem à região Norte na semana passada, restando sabe se isso será suficiente para inverter a curva ora desfavorável de sua aprovação.
Enquanto isso, a oposição se mexe, com os presidenciáveis mais óbvios, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e variantes do bolsonarismo das redes, como Pablo Marçal e Gusttavo Lima, testando as águas. Bolsonaro segue inelegível até 2030.
A Raízen reportou prejuízo líquido de R$ 2,57 bilhões no terceiro trimestre da safra 2024/25 (outubro/dezembro), com impacto de menor contribuição dos resultados operacionais e aumento das despesas financeiras, incluindo efeitos isolados.
O resultado reverte lucro de R$ 793,3 milhões apurado no mesmo período da temporada anterior, conforme relatório de resultados divulgado nesta sexta-feira (14).
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia somou R$ 3,12 bilhões no mesmo período, recuo de 20,5% ano a ano, contra expectativa média de analistas de R$ 3,42 bilhões, segundo dados da LSEG.
A Raízen disse que o desempenho ajustado “reflete o avanço nas vendas de açúcar e etanol, compensadas pelo menor resultado das operações de trading em todos os negócios”.
“Além disso, o resultado leva em consideração a perda de moagem em decorrência do clima e das queimadas ocorridas em agosto do ano passado, afetando a qualidade da cana e o mix de produção”, afirmou a Raízen.
A receita líquida da companhia somou R$ 66,87 bilhões no período, crescimento de 14,3% em base anual, enquanto as despesas com vendas subiram 14,9% e as gerais e administrativas aumentaram 31,1%.
A Raízen encerrou o terceiro trimestre da safra 2024/25 com alavancagem em 3 vezes, ante 1,9 vez na mesma etapa da temporada 2023/24.
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O comentarista José Eduardo Cardozo e a ex-senadora e jornalista Ana Amélia Lemos discutiram, nesta sexta-feira (14), em O Grande Debate (de segunda a sexta-feira, às 23h), se militares e policiais devem ter limitações políticas.
Em entrevista à CNN, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limite a participação de militares e policiais nas eleições a tempo de 2026. Para ele, é imperativa uma regra constitucional que retire quem usa farda do ringue político.
Para Cardozo, militares tem que cumprir seu papel no Estado, fora de eleições.
“Militares, policiais, sejam civis ou militares, juízes, membros do MP [Ministério Público], têm que cumprir o seu papel no Estado, independentemente das disputas eleitorais. Eles têm um papel quando juízes de arbitrar essa disputa, quando promotor, de exercer as nobres atribuições dessa instituição nessas disputas”, opinou.
“Enquanto policiais e militares [devem] guarnecer a segurança pública e o Estado. Esse é o seu papel, cabe a eles fazer isso. Contaminar estes serviços pela disputa político-ideológica só traz consequências graves”, prosseguiu.
Para Ana Amélia, os militares que participam de eleições devem ser da reserva.
“Ele falou especificamente em militares. Parece que militares não representaram a sociedade brasileira. A observação que eu faço é que não sejam militares da ativa, sejam militares da reserva”, disse.
“Antigamente a gente tinha, no começo dos anos 1970 e 1980, a representação do capital e trabalho. Eram líderes sindicalistas de um lado e patronais de outro. E aí, se formavam a composição da Câmara. Agora, nós temos uma composição diversificada e eclética”, finalizou.