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Um guia com dicas de filmes e séries para assistir no streaming
No começo da semana passada, a Variety publicou uma notícia que chamou a minha atenção: uma sequência de “Buffy – A Caça-Vampiros” (1997-2003, Disney+, sete temporadas, 145 episódios) estaria prestes a receber o sinal verde do streamer americano Hulu, com direito ao retorno de Sarah Michelle Gellar (a Buffy da série original) num papel secundário e a ganhadora do Oscar Chloé Zhao (“Nomadland”) na cadeira de diretora.
O seriado de 1997 conta a história de uma adolescente, Buffy Summers (Gellar), que descobre ser A Escolhida de sua geração para liderar a luta contra vampiros e outros seres malignos sobrenaturais. O bibliotecário Giles (Anthony Stewart Head) serve como seu guia e protetor, e os amigos Willow (Alyson Hannigan) e Xander (Nicholas Brendon), como seus escudeiros.
Criada por Joss Whedon, que não está envolvido no reboot —em anos recentes, ele foi acusado de assédio e comportamento abusivo em sets; algumas acusações ele admite, outras, ele nega—, a série já teve sequência em histórias em quadrinhos, além do spin-off “Angel” (1999-2004).
Via de regra, minha posição é de cautela com esses projetos de ressurreição, tanto porque vários deles nem saem do papel —já houve outros planos de trazer “Buffy” de volta, por exemplo—, quanto porque nem tudo dá certo: “Battlestar Galactica” é bem melhor que a série original, e a nova temporada de “Party Down” capturou exatamente o espírito das anteriores, mas “Gilmore Girls: A Year in the Life” (Netflix) só serviu para azedar a história de Lorelai e Rory.
Abaixo, escolhi cinco séries que eu espero que nunca sejam trazidas de volta, por diferentes motivos.
O.C.: Um Estranho no Paraíso (2003-2007)
“The O.C.”. Max, quatro temporadas, 92 episódios.
A história de Ryan Atwood (Ben McKenzie), garoto das quebradas de Chino que acaba adotado por uma família rica de Orange County, teve um final bastante satisfatório, mas que veio depois de todo tipo de reviravolta novelesca possível —só a primeira temporada da série teve 27 episódios, mais do que seriados inteiros nesta nossa era do streaming.
Voltar a ela seria arriscar ter que inventar twists ainda mais complicados e rocambolescos, ou colocar coisas ruins no caminho de personagens amados, como o patriarca Sandy Cohen (Peter Gallagher). Prefiro imaginá-lo surfando em sua aposentadoria.
Friends (1994-2004)
Max, dez temporadas, 235 episódios.
Felizmente todo mundo do elenco principal é rico demais hoje em dia para precisar fazer um reboot ou outro spin-off de uma das maiores séries dos anos 1990 e 2000 (“Joey” existiu, mas não parece), e a perda de Matthew Perry, que interpretava Chandler, é recente e dolorida o bastante para manter a ideia de um revival afastada.
Caso você seja novo aqui (no planeta), “Friends” conta a história de seis jovens amigos que vivem em Manhattan, suas aventuras amorosas, seus empregos estranhos e seu vício em café. A série terminou em 2004 num pico de audiência, mas tendo esgotado as combinações possíveis de encontros e desencontros entre seus personagens. Além disso, nem tudo nela envelheceu bem —há muito “gay panic” na primeira temporada, por exemplo— e um reboot teria que fazer alguma ginástica para trazer o humor da série para o presente.
Fleabag (2016-19)
Prime Video, duas temporadas, 12 episódios.
Algumas coisas são perfeitas e assim devem permanecer. Uma delas é “Fleabag”, escrita e estrelada por Phoebe Waller-Bridge, sobre uma mulher de luto por sua melhor amiga que tenta superar seus piores impulsos para colocar a vida em ordem, um desafio mais complicado do que parece.
Contada com humor ácido e olhares trocados diretamente com a câmera, a série causou um pequeno terremoto em seu lançamento e catapultou Waller-Bridge para a fama. Com uma primeira temporada brilhante, a segunda já parecia um risco inimaginável, mas que se converteu em ganhos ainda maiores —sem ela, não teríamos o padre gato (“Hot Priest”, como a internet apelidou o personagem de Andrew Scott). Felizmente, Waller-Bridge parece concordar que não há necessidade de uma terceira temporada.
Chuck (2007-2012)
Prime Video, cinco temporadas, 91 episódios.
A série, criada por Josh Schwartz (também de “The O.C”) e Chris Fedak, segue um nerd, Chuck (Zachary Levi), que acidentalmente vira um supercomputador e arma do governo americano. Para acompanhá-lo em missões e proteger os segredos da CIA (serviço de inteligência dos EUA) e da NSA (Agência de Segurança Nacional), os agentes Sarah Walker (Yvonne Strahovski) e John Casey (Adam Baldwin) são infiltrados na loja de eletrônicos onde Chuck trabalha.
Divertida o bastante para suscitar à época elogios entusiásticos de críticos renomados, como Alan Sepinwall (hoje na Rolling Stone) e James Poniewozik (atualmente do New York Times), e campanhas de fãs por sua renovação por vários anos, a série foi complicando mais e mais sua mitologia interna. Certos aspectos, como o tratamento dado a Sarah, frequentemente filmada em câmera lenta e em figurinos pouco adequados a pancadaria, também não devem ter envelhecido bem.
Para ajudar, Levi fez vários comentários problemáticos nos últimos anos, com posicionamentos antivacina e apoio explícito a Robert F. Kennedy Jr., secretário da Saúde do governo Donald Trump.
Ted Lasso (2020-?)
AppleTV+, três temporadas, 34 episódios.
Não vou mentir: eu fui grande entusiasta e defensora da primeira temporada de “Ted Lasso”, a história de um técnico de futebol americano que aceita o cargo de técnico de um time de futebol (não americano) na Inglaterra.
Nos primeiros meses da pandemia de Covid, um bobão bem-intencionado como Ted (Jason Sudeikis) e a comunidade carinhosa que ele cria ao seu redor no vestiário do AFC Richmond pareciam um oásis em meio ao caos e a incerteza do mundo real.
Mas a segunda temporada e, em especial, a terceira são tão açucaradas a ponto de causar enjoo, e as tentativas de ancorar tanto a bondade quanto a angústia de Ted em traumas fizeram a comédia descambar para especial educativo. Personagens fazem coisas que não condizem com suas histórias ou passam por transformações caricatas e sem sentido.
Ao final da terceira temporada, AppleTV+, Sudeikis (cocriador da série) e demais envolvidos deixaram em aberto o seu futuro. Mais recentemente, notícias sobre contratos de atores sendo renovados e uma quarta temporada vêm pipocando. Mas —só uma sugestão— e se não? E se deixarmos a história ficar onde ficou? Mais seguro que voltar e estragar ainda mais o que a série teve de bom.
O QUE ESTÁ CHEGANDO
As novidades nas principais plataformas de streaming
The White Lotus
Max, terceira temporada. Estreia neste domingo, às 22h. Episódios semanais
Já vi os três primeiros episódios. Eu sinceramente estava pronta para deixar a série de Mike White para trás depois do fim da segunda temporada, que é divertida, mas arrisca se tornar repetitiva. O mesmo acontece aqui, com as velhas dinâmicas de ricos entediados, ricos perigando deixar de ser ricos e pobres que sonham em ser ricos contadas com a competência de sempre.
Infelizmente, estou contratualmente obrigada* a assistir a uma série se ela tem Carrie Coon e nisso, pelo menos, Mike White entrega —além de uma excelente Parker Posey. E lamento informar que esta temporada tem a música de abertura menos memorável das três de Cristobal Tapia de Veer.
(*mentira)
Red Rooms (2023)
Telecine, 118 min.
Kelly-Anne (Juliette Gariépy) se torna obcecada pelo caso de um serial killer prestes a ser julgado e mergulha numa busca por um vídeo perdido que pode ser uma peça-chave na história. Vem angariando elogios de críticos desde sua estreia em festivais, em 2023.
Bafta Film Awards
Max, no sábado (16), às 16h.
O “Oscar do cinema britânico” faz sua cerimônia neste domingo (16), apresentada por David Tennant (“Doctor Who”). “Ainda Estou Aqui” concorre a melhor filme não na língua inglesa, e “Anora” pode consolidar sua recém-reconquistada dianteira. Veja a lista de indicados aqui.
Mais Oscar
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Tapete vermelho
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VEJA ANTES QUE SEJA TARDE
Uma dica de filme ou série que sairá em breve das plataformas de streaming
80 for Brady: Quatro Amigas e uma Paixão
80 for Brady. Disponível na Netflix até 25.fev, 98 min.
Lily Tomlin, Jane Fonda, Rita Moreno e Sally Field, donas, coletivamente, de cinco Oscars, três Tonys e nove Emmys, interpretam quatro amigas que viajam juntas a Houston para assistir a Tom Brady e os seus New England Patriots no Super Bowl.