
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou a sexta-feira em alta, em meio a ajustes técnicos no mercado e a comentários cautelosos de autoridade norte-americana sobre os juros nos Estados Unidos, mas ainda assim a divisa acumulou baixa firme no Brasil na semana encurtada pelo Carnaval.
A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,51%, aos R$5,7892. Na semana, porém, o dólar acumulou baixa de 2,15% e, no ano, recuo de 6,31%.
Às 17h04 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — subia 0,43%, aos R$5,8195.
O dólar iniciou a escalada ante o real já no início do dia, com parte dos investidores ainda ajustando posições na moeda após o forte recuo das cotações visto na quarta-feira, de 2,72%.
A divulgação de dados sobre o mercado de trabalho norte-americano no meio da manhã pesou sobre as cotações no exterior, mas ainda assim o dólar se mantinha em alta ante o real.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que foram criados 151.000 empregos fora do setor agrícola em fevereiro, abaixo dos 160.000 postos de trabalho projetados por economistas ouvidos pela Reuters.
Além dos ajustes técnicos nas cotações após o forte recuo na quarta-feira, a expectativa antes dos comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, marcados para a tarde dava sustentação ao dólar no Brasil, conforme um operador ouvido pela Reuters.
Quando Powell começou a falar, no meio da tarde, o dólar acelerou os ganhos ante o real, acompanhando o avanço das taxas dos Treasuries no exterior. Por trás do movimento estava a leitura de que Powell demonstrou cautela quanto à possibilidade de cortes de juros nos Estados Unidos — o que, em tese, é um fator altista para o dólar ante as demais moedas.
“O novo governo está em processo de implementação de mudanças significativas em quatro áreas distintas: comércio, imigração, política fiscal e regulamentação”, disse Powell em relação às políticas do presidente dos EUA, Donald Trump.
“A incerteza sobre as mudanças e seus prováveis efeitos continua alta. Estamos concentrados em separar o sinal do ruído à medida que as perspectivas evoluem. Não precisamos ter pressa e estamos bem-posicionados para esperar por mais clareza”, acrescentou.
Após ter marcado a cotação mínima da sessão de R$5,7521 (-0,13%) às 9h07, poucos minutos após a abertura, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,8014 (+0,72%) às 16h04, já sob influência da fala de Powell.
No exterior, o dólar tinha sinais mistos ante as demais divisas no fim da tarde, mas seguia em queda em relação a seus pares fortes.
Às 17h20 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,35%, a 103,820. No mesmo horário o dólar perdia para o euro, que era cotado a US$1,0845 (+0,55%).
Pela manhã o Banco Central vendeu a oferta total de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,4% em 2024, acima dos 3,2% do ano anterior e pouco abaixo da previsão de 3,5% do governo.
Apesar do resultado anual robusto, o PIB cresceu apenas 0,2% no quarto trimestre do ano passado ante o trimestre anterior, abaixo da expectativa de alta de 0,5% para o período.